domingo, 18 de agosto de 2013

Acho que de toda a minha existência, a pior comprovação que tenho todos os dias... O maior fardo que tenho que carregar a cada amanhecer é de que eu sou sozinha.
Em um mundo tão grande, com tantas pessoas... Não tem ninguém ao meu lado. Não tenho ninguém para sair comigo numa noite de sábado (e olha que isso não requer nenhum tipo de profundidade no relacionamento...), não tenho ninguém para cantar comigo (eu não sei porque eu quero cantar com alguém, mas...), não tenho ninguém para conversar abertamente sobre tudo, não tenho ninguém para me entender e nos entendermos juntos, não tenho ninguém que não me enjoe profundamente depois de um tempo.
Eu não quero um namorado.
Eu não sei nem se realmente eu quero alguém.
Eu acho que, no fundo, eu quero mesmo é me encontrar. Eu quero mesmo é ser esse alguém para mim mesma. 
Eu sou sozinha por não saber estar comigo mesma. 
Eu me procuro em outras pessoas sem perceber que eu só posso me achar em mim mesma. Quer coisa mais complicada de entender?
Há alguns meses atrás, resolvi começar uma terapia. Ótimo. Todo mundo sempre quis me colocar numa terapia, porque eu sou vista como problemática na família. 
Eu me questiono todos os dias o motivo de estar indo à terapia todas as segundas. 
Eu não consigo entender porque eu tenho que pagar para ser ouvida, se no espelho do meu quarto ou nesse blog eu falo mais do que eu sinto do que sentada naquele sofá olhando para uma mulher que diz ser minha terapeuta.
Eu nunca chorei lá.
Eu nunca sai de lá pensando profundamente sobre algo.
E então... O que eu faço lá?
Ah, conto sobre os meus dias... sobre essas amizades de merda que eu tenho, sobre um garoto e outro, sobre superficialidades.
Mas pergunte se eu já falei sobre todas essas minhas angústias? Só uma vez. E até mesmo a terapeuta ficou angustiada. Foi o mais perto da alma que eu consegui chegar.
Olhando no fundo dos olhos dela, eu penso: Eu não tenho coragem de falar tudo o que eu sinto. E no meio das minhas maluquices eu me questiono: O que ela vai fazer com as minhas confissões? E então eu penso que nunca poderei confiar em ninguém coisa alguma, porque eu sempre acho que a pessoa me fará mal. 
E aí eu vou levando a minha vida.
Nessa merda de "não sei em quem contar" misturado com "eu não quero contar coisa alguma para pessoa nenhuma" com um vazio enorme no peito e uma tristeza incurável. Ah, e um amor que só me confunde a mente.
Eu me amo tanto, eu me admiro tanto e eu sou tão apaixonada por mim... Mas o que me custa então aceitar que eu sou minha e que minha eu sou? Que nós (eu e eu) somos feitas uma para outra? Eu sou incrivelmente necessitada de um "acorda", de um pó de realidade ou seja lá do que for. 
Eu quero me achar.
Eu quero ser minha própria terapeuta, chegar do meu lado e perguntar "E, então, Fernanda, como você está?"
E responder da maneira mais clichê possível "Estou bem melhor agora que te encontrei, Fernanda."

Cansei.

Hoje, dia 18 de agosto de 2013, eu estou cansada.
Farta.
Eu quero novidades. Na verdade, eu nem sei se realmente quero novidades, porque novidades também me cansaram. Porque são sempre a mesma coisa... aquele "uau, eu não esperava por isso, que demais!" e no dia seguinte aquilo já não é novidade e passa a ser coisa antiga. Cansei disso.
E-u n-ã-o s-e-i o q-u-e e-u b-u-s-c-o m-u-d-a-r!!!!!!!!!!!! 
Mas eu sei que preciso mudar.

E QUE MERDA.
E QUE RAIVA.
JÁ CANSEI DE ESCREVER ESSE TEXTO.
EU NÃO QUERO MAIS NADA!



Estou cansada de escrever textos.
Estou cansada dessa minha escrita sempre tão limpa e tão primitiva.
Estou cansada de querer ser lida.
Estou cansada de querer ser entendida.
Estou cansada de querer ser feliz.
Estou cansada de estar cansada.
Estou cansada de não fazer nada.
Estou cansada de fazer algo.
Estou cansada de ir pro colégio.
Estou cansada das férias.
Eu.
Apenas.
Estou.
Cansada.

domingo, 11 de agosto de 2013

Feliz dia dos pais

Quero começar essa postagem de uma maneira convidativa: Feliz dia dos pais! 
Agora me questiono: Isso faz sentido para mim?
Nenhum.

Há anos eu não vejo o menor sentido em dia dos pais. É mais um dia que se passa em branco. É um dia que eu apenas quero dormir o dia inteirinho só para não ouvir/ler/ver todo esse clichê de "Pai, eu te amo!" ou "Pai, você é o melhor pai do mundo!". Acho ótimo quem ama o pai, quem tem pai e acha que o pai é o melhor do mundo. 
Mas por que tantas obrigações? Por que só podemos ter um único pai? E se esse pai não te representa? Se ele não te liga? Tem que carregar eternamente esse fardo de "eu tenho um pai distante, que eu mal sei quem é"? Mas, olha, eu não aguento isso.
Me lembro de quando eu era pequena e todos os anos faziam festinhas na escola para o dia dos pais, com música, coreografia e mil e um presentinhos. Eu não encontrava sentido em fazer tudo aquilo para encontrar a minha mãe me assistindo. Eu realmente precisava disso?

As circunstâncias me fizeram encontrar um novo conceito para "pai" e, depois disso, tudo só melhorou. Pai não é o cara que te pôs no mundo, porque isso é fácil. Às vezes, pai não é nem o cara que te cria, porque nem sempre se encontra amor nessa relação. Pai é o cara que você reconhece como pai. É o cara em quem você pensa quando comentam algo sobre pais. É o cara que você adoraria que te levasse ao altar da Igreja quando for casar. É o cara que te ensina coisas novas sobre a vida. É o cara que senta ao seu lado para compartilhar conhecimento, seja ele qual for. É o cara que dá puxões de orelha quando pode. É o cara que fala "vai estudar!". É o cara que você gostaria que passasse o dia dos pais contigo.
Depois de muito tempo, eu encontrei um pai. 




Muito obrigada. 

sábado, 1 de junho de 2013

Alguém,

Eu gostaria de começar essa carta dedicando-a a alguém. Aprendi nas aulas de redação que toda carta deve ter um destinatário (e algumas coisas não mudam). O destinatário dessa carta é alguém. Alguém que possa me ler, alguém que esteja pronto para me dar um apoio ou fingir que me entende. 
Eu mal sei por onde posso começar. Eu mal sei se quero começar. Querido alguém, o tempo tem sido meio cruel comigo. Eu não me reconheço. Eu tenho um certo medo do que eu posso me tornar. Acredito que eu sei de mim muito menos do que eu sou, mas de algo eu sei e tenho certeza: sou um universo de possibilidades. De dez caminhos que posso seguir... Posso escolher qualquer um deles. Talvez eu não tenha princípios tão rígidos a ponto de descartar alguns caminhos. Para mim, qualquer caminho é caminho. E isso me assusta de uma forma quase que enlouquecedora. Poderia não pensar no futuro. Tenho uma amiga que vive a repetir "o futuro é agora" e eu sempre respondo "verdade, mas..." e aí me calo. Ela até tem alguma ideia do que quer ser. Ela quer casar, morar numa casa grande, ter cachorro e alguns filhos. Eu até quero isso também, mas eu penso que talvez seja mais divertido ser sozinha. Mas sozinha de uma maneira suja e porca. O mais correto seria: Eu posso ser solitária. Eu sinto que meu futuro será abraçado à solidão. Mas eu não quero a solidão. Penso que será inevitável. Mesmo se eu casar, mesmo se tiver dez filhos e cinco cachorros... Não poderei fugir da solidão. Porque a solidão é algo de dentro, é um conforto que não se recebe e é uma dor que não se cura por coisas externas a si.
Alguém, eu queria fugir do assunto de solidão, mas parece que isso não sai de mim. Eu queria exteriorizar uma outra coisa que me atormenta as noites e a minha própria existência. Tenho sofrido (e quando digo sofrido não é exagero, porque não há palavras para exagerar o meu sofrimento) por saudade. Engraçado que desde o meu primeiro ano, quando eu nem ao menos sabia o que era morte, o que era perda e o que era saudade... eu já era marcada por isso. Vez ou outra a vida acha engraçado me tirar o chão e me fazer sofrer de saudade tantas outras vezes. Por que isso? Eu tento me perguntar se todas as pessoas também sentem a dor da perda e da falta tão à flor da pele quanto eu. Tento me convencer que sim, até perguntar a alguém "você sente muita saudade de alguém? A ponto de te faltar o ar? De arranhar o peito? De querer fugir de si próprio?" e a pessoa responde "Eu não". Mas então... por que eu tenho que passar por isso tantas vezes? Não é a primeira e, infelizmente, provavelmente, não será a última. Quando eu estou muito feliz com alguém, paro pensar que em algum momento isso vai acabar. Que algo de ruim vai acontecer e vai destruir toda a felicidade. Por isso que eu tenho medo da felicidade de se ter alguém ao lado. Porque ele vai sempre embora. Ele vai sempre partir. Ele vai sempre me deixar... sofrendo. Sozinha.
Alguém, eu me sinto muito mal por escrever isso. Não pelos sentimentos, na verdade. Mas por me achar a garota mais idiota do universo. Eu sempre escondo tudo de mim mesma, porque eu me acho uma besta por sentir demais. E de tanto sentir, eu sinto nada. Sou um poço cheio de vazio.

Assinado: Eu.

sábado, 20 de abril de 2013

Nada melhor do que ver um céu estrelado. Sentir-se no universo. Bem longe de todos e tão perto de nós mesmos. Descobri que olhar as estrelas é como se olhar no espelho, nos reconhecemos ali. É como reparar a profundeza do nosso próprio olhar. Em nós há estrelas. As estrelas também carregam um pouco de nós. Percebi que ficar paradinha contando estrelas uma por uma é como contar sonhos. Um por um. O céu é tão cheio de estrelas como nós somos cheios de sonhos. E se não houvesse estrelas, o céu seria uma imensa escuridão. Não muito diferente de nós sem os sonhos. 
Por uns tempos matei meus sonhos, matei minhas alegrias e me deixei morrer aos poucos. E hoje eu estou tão viva! Aos poucos estou me reerguendo como nunca. Me vejo como me via aos 12 anos de idade. Leve como uma folha ao vento e com um brilho enorme no olhar. Ninguém repara, mas meus olhos voltaram a brilhar como antes. Ninguém repara o fato de que eu estou feliz, assim como ninguém reparou que estive na pior fase da minha vida nos últimos meses. Mas algo mudou e eu não caibo mais em mim. Eu quero esbanjar amor. Quero esbanjar alegria. Quero viver enormemente e profundamente. Quero abraçar desconhecidos e beijar muitas bochechas. Eu quero voltar a pular, a correr e a fazer coisas que eu gosto. 
Não sei ao certo onde me encontrei. Talvez nas minhas amigas, talvez na felicidade dos outros, talvez nas pessoas novas que conheci, talvez na minha mania louca de fotografar tudo o que me faz bem, talvez de reparar nos detalhes, talvez de olhar pro céu... ver as estrelas durante a noite ou reparar nas nuvens durante as manhãs.
Não tinha reparado antes, mas na minha sala de aula, há uma pequena janela na porta e eis que dou de cara com o céu azul e com nuvens. É a minha perdição. Eu me perco naquele azul. Não existe fórmula que me prenda, nem teorias, leis ou grandes líderes. Não quero mais saber de nada, apenas de me sentir voando. 
Lembrei que o mais importante é buscar fugir. Sempre. A rotina é triste, é monótona e não dá prazer algum. Viver só faz sentido (pelo menos, algum sentido) quando se repara nas mais pequenas coisas. 
Às vezes, eu sou feliz durante o dia inteiro apenas por causa de um olhar que alguém me lançou. Ou de uma mão que me encostou o ombro. Ou um sorriso contagiante. Ou alguém me despertou algum tipo de interesse no ponto de ônibus.
Mas, Mundo, veja só quem está escrevendo. Reconhece? Sim, é a mesma Fernanda que queria ajudar o mundo e abraçar causas sociais. É a mesma Fernanda que era a palhaça só pelo prazer de ver os outros sorrirem. Caramba, quem diria me sentir tão feliz e tão enorme quanto agora. 
Tchau, maldita tristeza. Tchau, pensamentos destruidores. Tchau, dores no peito. Tchau, escuridão!
E seja bem-vinda, vida. Felicidade. 

quinta-feira, 21 de março de 2013

- Você acha que eu sou otária? É óbvio que eu nunca deveria ter aceitado namorar com você. Sempre cheio de galanteios. Sabia que era assim com todas. Aliás, com quantas você já ficou nesses 2 meses que ficamos juntos?
- Mas eu... 
- Não, Leonardo. Não precisa falar. Eu sabia! Minhas amigas falaram tanto para mim "ah, ele não serve pra você" e eu, burra, não ouvi. Claro, estava apaixonada e cega. 
- Mas... - Fui interrompido outra vez.
- Você vai querer inventar desculpas? Me esqueça. - Pensei em falar algo, mas sabia que acabaria no "mas" novamente, quando ela começa a falar, não adianta querer discordar.
- Ah, agora ficou calado, não é mesmo? Sabe que eu estou certa... Ah, não, agora é sério. Tchau! E quer saber? Quando você vier atrás de mim, eu vou estar muito bem sem você e falarei "Agora não, Leonardo". E você vai chorar sozinho. - Ela bateu a porta da minha casa e se foi. Foi tudo tão de repente e eu não entendi nada. 
- Mariana? - Abri a porta e gritei. 
- Leonardo, está tudo acabado entre nós. Não me procure mais! 
E, bom, foi assim então que ocorreu o término do meu namoro que durou apenas 2 meses (apesar dela falar como se tivesse durado uma eternidade). E é óbvio que eu não vou falar que eu sou santo, algo eu realmente fiz. Mas eu queria explicar que não foi por mal e é a minha arte. 
E que arte é essa?
Eu desenho mulheres nuas.
E ela não sabia? 
Não. Porque eu não trabalho com isso, é óbvio. Eu faço por lazer e eu nunca mostrei para ninguém. 
Por que mostrou a ela então?
Esse é o problema. Eu não mostrei. Eu fui comprar pão na padaria e quando voltei, ela estava mexendo nas minhas coisas e encontrou meus desenhos.
Como você reagiu?
Eu me senti invadido. Mas não tinha nada a se fazer, então eu perguntei:
- E aí, Mariana? Tenho talento, não tenho? - E ela me olhou com um olhar terrível.
- Você desenha outras mulheres nuas e eu devo ver isso como talento? Descarado! - E eu realmente fiquei descarado, pela falta de cara com que ela me deixou. Foi então que eu percebi que a Mariana não tinha nada a ver comigo. Como ela teve ciúmes da minha arte? Tudo bem que eu desenho mulheres reais do meu dia-a-dia. Professoras, amigas de faculdade, caixa do supermercado, diarista que faz faxina na minha casa duas vezes ao mês, e outras mais. Mas isso não quer dizer que eu tenha desejo sexual por elas e, muito menos, que eu já as tenha visto nuas. É a minha maneira de exteriorizar a minha admiração pelas curvas femininas, somente isso. Gosto de permitir o lápis deslizar sobre o papel, gosto de deixar minha imaginação criar. Eu observo as mulheres que encontro e imagino como elas devem ser nuas. As curvas são fáceis, já que dá para ver através das roupas. Os volumes também. E o resto... é só imaginar. Eu gosto. Me relaxa e nem por isso eu sou um maníaco ou um descarado (como acha a Mariana).
Leonardo, desculpe-me, mas podemos continuar essa conversa na próxima consulta? Já são 19 horas.
Nossa, é mesmo! Como o tempo passou rápido. Até mais, Alessandra. 
Só uma pequena curiosidade... Você já me desenhou?
Não, mas obrigado pela sugestão. Boa noite!

quarta-feira, 20 de março de 2013

Em uma dessas madrugadas chuvosas, eu fiquei perambulando pela casa, com as luzes apagadas e pensando na minha vida. E eu repetia mil vezes mentalmente "Não, Fernanda, tem algo errado. Tem algo muito errado nisso tudo". Mas eu buscava respostas, eu queria entender onde eu estava errando e o que de errado tinha em tudo o que eu estava fazendo, a ponto de eu perder o sentido em tudo o que eu faço. Tinha algo muito errado antes de eu me dar conta, mas deixei crescer e nem ao menos percebi que poderia ser destruidor. Começou com a identificação com personagens problemáticos de filmes e explodiu com a minha mãe reclamando e dizendo que eu estava me destruindo. Mas por quê? Por que todo mundo percebe o que tem de errado comigo e eu não? Parei pra pensar e me questionei durante a madrugada toda. Ao invés de respostas, só ganhei mais dores. Pensei, então, que eu estava enlouquecendo. Mas, não, não estava! Não permitiria que seria algo tão de repente. E aí eu me senti como se estivesse sendo trancada dentro de mim mesma, como se eu apertasse a minha própria garganta e abafasse meu próprio grito. Tentei chorar, já que sempre ouço dizer que chorar alivia. Mas como viver sendo alguém que não chora? Eu simplesmente não consigo chorar quando eu mais preciso liberar lágrimas. E eu me sentia como se alguém tivesse me amarrado uma âncora no meu pé e tivesse me jogado em meio ao alto mar. E eu fosse afundando, perdendo o ar e... morrendo aos poucos. Mas eu repetia loucamente em um ritmo cada vez mais frenético "Tem algo de errado nisso tudo. Muito errado!". Resolvi desabafar. Falei tudo de errado que eu estava sentindo, tentei me explicar os meus próprios motivos em voz alta e calando por motivos que me davam vergonha. Porém permaneci, continuei falando e prometi a mim mesma que eu não chegaria nesse nível novamente tão cedo. Eu sempre busquei paz. Eu sempre busquei ser feliz. Por que, então, dar ouvidos aos meus fantasmas? Deixe-os esquecidos. Fechei os olhos e procurei imagens de pessoas que me fazem bem, de momentos que me dão saudade e de coisas que pretendo viver. E falei pra mim mesma "E por tudo o que eu quero viver, eu me reencontrarei dentro de mim mesma. Porque essa não sou eu. Essa é alguém que eu não reconheço e nem ao menos quero conhecer. Alguém desprezível e extremamente dolorida. E eu não quero dores, não quero tristezas e nem tantas angústias". Fechei os olhos, apertei meu travesseiro e dormi. Depois de pôr tudo para fora, dormi tranquila. Estava leve, estava como uma folha dançando ao vento ou um balão subindo em direção ao céu. Eu me sentia crua e nua. Me senti uma folha em branco pronta para ser pintada novamente e de uma maneira diferente. 
Acordei, tomei um banho, me perfumei e coloquei um vestido vermelho tão leve que dava vontade de dançar pela rua. Arrumei meu quarto e dei a ele meu toque cor-de-rosa. Organizei meus livros em ordem de tamanho e coloquei meu pequeno rádio para tocar música clássica. Me senti rejuvenescida e livre das amarras que eu mesma criei para mim. 
Não que os fantasmas não tenham voltado. Eles voltaram. E talvez essa será uma luta mais complicada do que parece, mas eu já sei o que eu quero. E estou no caminho certo. Aos poucos, estou me desprendendo e buscando liberdade de alguma forma. Não quero envelhecer antes mesmo de construir uma vida saudável e botar tudo a perder. 
Descobri, então, que ter sonhos é fundamental. 
São os sonhos que te levam para frente quando tudo parece querer te parar. E meus sonhos são pequenos, mas são nobres. Quero um amor para dormir junto, casar de branco e ter três filhos lindos. E, claro, eu quero continuar com meus brilhos nos olhos que perdi por um momento e sorrir. Sorrir como se não houvesse amanhã. Sorrir para o mundo, sorrir porque estou viva e porque eu sou eu. Sorrir, apenas. 
E foi isso que me motivou a dar a volta por cima.
Que assim seja!