sábado, 28 de maio de 2011

Hoje eu acordei com uma vontade sobrenatural de fazer de algum momento inesquecível. Acordei com uma vontade perturbadora de fazer algo novo. Acordei querendo mais emoção, mais sentimento, mais cor, mais música em minha vida. Acordei com uma sensação de leveza. Não, não estou pensando em um momento inesquecível do tipo encontrar um amor pra vida toda. Não. Eu quero um momento daqueles em que estou sozinha, abraçando a solidão, como se fosse uma grande amiga. Só eu e eu, num lugar quase deserto. Onde eu posso extrapolar, onde não há limites, e eu posso explorar tudo, posso viver do jeitinho que eu quero. Eu quero esse momento sozinha, mas talvez com um pintor que possa reproduzir em uma tela a emoção de me ver voar. Sim, é exatamente isso que desejo. Desejo voar. Voar, voar, voar. Quero sentir meus pés soltos no ar, melhor, eu quero não sentir meus pés. Quero sentir aquele frio na barriga típico de quando desafiamos a aceleração da gravidade. Eu quero ver de cima tudo o que estou acostumada a ver sempre da mesma maneira. Eu quero novas perspectivas. Eu quero novas visões. Eu quero sentir algo que desafie a mim mesma. Estou cansada da mesmice de todo dia. Tédio, compromissos, responsabilidade. Mas eu tento permanecer acesa a chama de querer ser muito feliz. De ficar off do mundo, de não me importar com os esteriótipos, com regras, com dinheiro, com pessoas, com críticas, com nada. Pois o que eu mais quero é voar. E eu sei voar, sei muito bem, sei exatamente a sensação, já sonhei com isso várias vezes, só falta mesmo o momento em que eu poderei pôr em prática todo o meu conhecimento de como pilotar a mim mesma. E me perdoe quem não tem sonhos, mas eu vou realizar o meu "impossível". Agora feche os olhos e imagine-se perto, bem perto das nuvens, e longe, bem longe do chão.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sentada naquele píer que era onde sentávamos para sonharmos de vida, me lembrei de você. Me lembrei de todos os momentos que passamos naquele mesmo lugar. Não pude me esquecer daquele bloquinho que eu sempre carregava em minha bolsa, para escrevermos todos os sonhos que fazíamos juntos. Eu sempre achei genial a sua maneira de imaginar as coisas. Você acreditava tanto que me fazia acreditar tanto quanto você, por mais impossível que fosse. Senti aquele cheiro tão único do mar, aquele vento forte batendo em meu rosto e em meus cabelos, o barulho dos motores das lanchas e das velas dos veleiros panejando, o movimento das ondas e o gosto de sal da água do mar. E que doce foram as lembranças que me vieram à mente. Daquela época da infância que corríamos no píer por entre os barcos atracados e brincávamos de pique-esconde dentro de alguns deles. Mas penso eu que o momento mais marcante da nossa juventude "marítima", foi quando nos beijamos pela primeira vez, antes de você se mudar pra tão longe. Nós pegamos um barco escondido. Não consigo me lembrar ao certo que barco era, mas lembro que era a remo e tinha uma âncora tão grande e pesada que quase adernava o barco. Nem nos importamos com os problemas que aquilo poderia nos causar, éramos tão jovens e pouco nos importava as consequências de nossos atos, mas tenho consciência do quanto fomos imprudentes. Pulamos no barco de madeira, cada um em um bordo, tentando sicronizar o movimento dos remos. Fomos em direção ao vazio, ao desconhecido, não queríamos enfrentar mares ou dar à volta ao mundo, só queríamos nos distanciar o máximo que conseguíssemos. A maré estava alta e o vento fraco -sorte a nossa-. Quase não se via rajadas e o mar estava calmo e silencioso. Ficamos à deriva. De propósito. E então ficamos olhando um ao outro, conversamos um pouco, silenciamos logo depois. Até que você me roubou um beijo. O meu primeiro beijo, e foi logo com quem eu mais admirava no mundo. Permanecemos no mesmo lugar por horas, dormimos, acordamos, rimos, eu te joguei no mar, você me puxou pro mar e ficamos brincando de jogar água no outro. O sol estava se pondo e decidimos voltar antes que nossa ausência fosse notada e antes que sua mãe, sempre tão apavorada, chamasse a polícia para nos buscar, esteja onde estivessemos. Mas acho que o vento estava realmente ao nosso favor, pois de uma maneira quase que milagrosa, secou nossas roupas antes de chegarmos. Ah, quanta saudade sinto de você, meu pequeno príncipe.

domingo, 8 de maio de 2011

Feliz Dia das Mães

Mãe querida,
Sei que não lerá esse texto, pois eu não pretendo mostrá-lo a você. Não agora. Mas talvez você já tenha descoberto que eu criei um blog e resolva sempre dá uma visita sem que eu saiba. Na verdade, não me interessa saber se você lerá ou não. O que importa pra mim, é que eu vou dedicar todo este post a você. Vou dedicar não somente por você ter me tido e ter me carregado dentro de si durante 9 meses, mesmo que eu saiba que este seja um motivo e tanto. Eu dedico por tudo o que você fez e faz por mim. Por todos os momentos que passei ao seu lado e a todas as vezes que me apoiou, me deu broncas, ficou comigo, me viu chorar, me viu sorrir, lutou por mim, brigou por mim, deu tudo o que podia e o que não podia para me ver sempre bem, buscou sempre fazer o melhor pra nós duas. Eu adoro o seu jeito. Eu não te digo isso, a propósito, você acha que eu não te admiro e fica sempre tão tristinha quando pensa que eu te acho uma boba. Mas não. Você é tudo o que tenho de mais precioso. Você merece todo o meu amor e todo o meu carinho, e tudo o que conquistei eu devo a você. Eu realmente agradeço por nunca ter desistido de mim e por ser uma mulher tão forte e batalhadora. Você luta por aquilo que quer, você tem objetivos e tenta chegar até eles. Você é muito determinada, mamãe, mas ao mesmo tempo é cheia de inseguranças e medos. Talvez nem você saiba que tem, mas eu percebo. Você, ao mesmo tempo que sabe o que quer, sempre tem uma dúvida, uma questão em suas afirmações. São discretas, passam quase que despercebidas, mas ainda sim não são nulas. Esse seu jeito me irrita muitas vezes. Não consigo nem contar quantas vezes você me tirou do sério por esse seu jeito de não saber ao certo o que quer. Esse seu jeito tão "mas", "e se". Esqueça, mamãe. Se você quer, é isso e pronto. Você é um dos motivos de minhas dores de cabeça. Seus gritos, seu estresse, seu mau-humor, sua inquietude, seu jeito extremista de ser. Seu jeito taurina de ser. Mas ainda sim, consegue ser uma mulher maravilhosa. Suas histórias são sempre engraçadas. Essa sua mania de amar sempre. O tempo todo. Além de ser uma grande sonhadora. Você é tão avoada, ao mesmo tempo que é tão pé-no-chão. Em questões amorosas, você é um problema, é sempre cheia de dúvidas e cheia de teorias, e então eu quem tenho que interferir e muitas vezes abrir seus olhos. Claro que não me escuta sempre, mas o que eu falo faz você pensar, tenho certeza. Mãe, eu adoro ser sua amiga. Eu gosto quando você me conta os seus problemas e sonhos e eu te ajudo com meus conselhos, que são sempre tão realistas e que às vezes te faz ficar com uma cara decepcionada, mas no fundo, sei que concorda comigo. Desculpa, mãe, mas eu não vou permitir que você seja iludida. Eu quero as coisas bem claras, e assim como você faz comigo, eu também quero te defender de tudo. Eu te admiro por sempre ter garra de lutar por aquilo que quer. Por trabalhar desde cedo e sustentar a sua família, que sou eu. Sei que passamos por problemas financeiros, mas eu sempre confiei que você superaria e que conseguiria se reerguer, porque você sabe muito. E eu não errei. Você foi e mostra até hoje a ótima profissional que é. Você não tem medo de nada, mãe, segue em frente e dá a cara à tapa. Diz o que acha que é certo e assume o que disse. Enfrenta seus problemas e sempre tenta resolvê-los da melhor maneira possível. Usando sempre a logística da melhor maneira possível. Lembro que todos os dias das mães na minha infância, nós passávamos no escritório. Você trabalhando e eu brincando nos sites de jogos. Pedíamos comida do China in Box ou então esquentávamos uma lasanha. Era bobo, mas estar com você já mudava tudo. Sua companhia sempre foi insubstituível pra mim, a sua presença na minha vida é tudo o que eu mais preciso. Sempre. Você me mostrou o lado bom das coisas, e me ajudou a superar a ida do meu pai. Você com o seu jeito: "eu estou aqui, e eu vou sempre estar com você, não sofra". Realmente, nós passamos por muitas coisas juntas, aliás, toda a minha vida. Quase todos os melhores e piores momentos da minha vida, você esteve comigo. Você é uma mãe coruja, sim. É possessiva, sim. É egoísta, sim. É super protetora, sim. Mas eu sei que no fundo você tem medo de me perder e odeia me ver triste. Poucas foram as vezes que te vi chorar, mas quando te vi, eu sofri muito. Porque o seu choro é tão desesperado e ao mesmo tempo tão discreto. Sei que quando uma lágrima sai de seus olhos é porque chegou ao seu limite, nem mesmo quando você entrou em depressão ao se separar do meu pai, eu te vi chorar. Não que você não tenha chorado, mas você nunca quis que eu visse. Porque como sempre, você quis me proteger e me mostrar que tudo estava em seu devido lugar. Obrigada por ser assim, mãe. Por sempre ter cuidado e ao mesmo tempo sempre mostrar como a vida é realmente. Suas lições e conselhos podem não ser os melhores, mas tem uma certa sabedoria em todos eles. 
Mãe, eu tenho muito mais a falar e a agradecer a você. E muito a dizer que não é assim tão bom. Mas é apenas um post, não uma vida. E eu queria lhe dizer que você é TUDO pra mim. Não é aquela típica frase que todos os filhos dizem pras mães em seus dias, é porque você REALMENTE é. Eu devo tudo, tudo, tudo a você. Eu sei que falo mal de você muitíssimo e te critico o tempo todo, mas isso é porque eu te amo. Eu não sei demonstrar as coisas muito bem. Mas sim, eu te amo e muito. <3
De sua filha, Fernanda.

sábado, 7 de maio de 2011

Como uma folha ao vento

Ela se sentia como uma folha. Uma folha que por causa do vento forte, se desprendeu de seu caule. Era levada para outros lugares, outros ambientes, sem que fosse pra onde pertencia. Ela se sentia como uma folha que precisa estar em seu lugar de origem para que possa sobreviver, mas que não permaneceu lá, e agora luta pra conseguir se manter viva. Sente-se tão fraca, tão perdida, tão sem rumo e sem ter o controle sob seu próprio corpo. Sua mente viaja para lugares tão longes e tão reais. Seus pensamentos se confundem com a realidade frequentemente. Sua memória anda fraca. Não se lembra ao certo o que fez ontem, pois talvez ela não tenha feito nada realmente, apenas seguiu a rotina na qual já se acostumou. Sua vida parece tão vazia e sem sentido. Mal sente seus pés no chão, mas sente muito bem o vento batendo em seu rosto. Ela não entende porque tanto barulho, tanto tumulto, tanta confusão. O mundo dela é sempre tão em paz, tão calmo e tão... sozinho. É como se ela perdesse a noção do tempo e do espaço. As coisas apenas acontecem e ela não se dá conta. A vida passa e ela não repara. As horas correm e ela nem sai do lugar. Ela se sente como se estivesse congelada enquanto tudo está como deveria estar. As pessoas continuam com seu ritmo cansativo de sempre, os buzinas ainda fazem um barulho irritante, os saltos das mulheres que trabalham ainda batem no chão da rua fazendo aquele "toc toc", as pessoas ainda gritam umas com as outras, a vida lá fora continua a mesma confusão e correria de sempre. Ela se sente deslocada, acha que não pertence a lugar nenhum na verdade, que é uma estranha em sua própria realidade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Escute

Uma de minhas maiores perdas foi você ter ido. Sei que eu posso te ver nas férias, te ligar quando quiser, mas ainda não tem como negar que você se foi. De alguma maneira. Você está distante de mim em todos os sentidos possíveis. Não apenas por estarmos longe em questão de quilômetros, mas por nos distanciarmos cada dia mais. Te dói muito saber disso, mas saiba que dói muito a mim também. Eu queria sentir o seu abraço e a sua presença todos os dias. Mas eu não sei, é tão estranho pensar em estar contigo todos os dias, já que eu me acostumei a estar sempre tão sem você. Eu me acostumei com a falta que você me faz, com os apertos no peito sempre que penso nos momentos bons que passei ao seu lado, da tristeza de ter te visto partir. Pensava que seria por um ano, mas já passou de um ano faz alguns anos. Já chorei muito. Já quis que você voltasse inúmeras vezes. Já desejei que tudo por aí fosse ruim para que você lembrasse que aqui seria melhor. Mas nada adiantou. Já te liguei pra brigar, pra dizer que estava com saudades, pra dizer com aquela minha maneira sempre tão superficial que te amo. Mas me conformei. Apenas. O conformismo é sempre um desastre, mas eu tinha que escolher entre isso ou o mais desastroso ainda: sofrer e fazer drama. Mas é claro que a segunda opção não se encaixa no meu perfil sempre tão forte e sempre tão "estou muito bem, obrigada". E como eu sempre busco não contrariar meus princípios, eu optei por apenas ignorar a sua ausência. Me tornei fria, sim. Me tornei ainda mais superficial em questão de sentimentos, sim. Me tornei mais desconfiada, sim. Me tornei várias outras coisas nem tão boas assim, sim. Mas pelo menos, uma coisa ainda não deixei de fazer. Aliás, essa é uma coisa que eu quero sempre fazer. Será sempre a minha escolha final, pois eu ainda tenho uma última coisa pra fazer. E essa coisa é sorrir. É passar por cima de qualquer angústia, medo, insegurança, saudade, levantar a cabeça e sorrir. Porque se tem gente que sofre bem mais do que eu e ainda consegue sorrir, por que eu não posso? Sim, e eu posso. E me permito.
Não, não, mas antes de terminar e colocar um ponto final neste texto, ainda tenho uma última coisa pra fazer. Não me importo de sempre repetir essa frase, e você achar sempre tão sem-graça e irritante (pelo menos é isso o que você diz), mas eu te acho um chato e eu te amo muito, Pai.

Bloínquês. 65ª edição conto/história - Tema: Eu ainda tenho uma última coisa pra fazer.