quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cabeça erguida

Aqui estou, ouvindo o barulho da chuva. O vazio do meu quarto me incomoda. A falta de som me assombra. Mas ainda sim escuto o barulho das gotas no telhado e o barulho que as rodas dos carros fazem ao passar por uma poça. Isso me lembra que eu tenho que fazer alguma coisa. Talvez sair correndo pela chuva sem rumo? Talvez sair por aí gritando alguma citação de algum dos muitos livros que tenho na prateleira? Talvez apenas cantar e dançar, como no clássico "Cantando na Chuva"? Ou nada disso. Permaneço sentada no chão observando as gotículas que descem pela janela fechada. Ah, que falta ele me faz. Por que teve que ir? Por que me deixou assim tão sem explicação? Por que apenas disse algumas palavras que mal faziam sentido e partiu? Acha realmente justo me deixar sem palavras? Sei que nunca vou ter as respostas das inúmeras perguntas que ecoam pela minha mente, porque eu não o verei mais. Pretendo não vê-lo mais. Mas como me deixou sem explicação, me permito tirar minhas próprias conclusões. E de tudo que eu cismo em rever, de todos os momentos, de todas as conversas, eu vi o quanto estava cega. É, eu não conseguia enxergar meio palmo diante de meus olhos. Só via aquilo que eu queria ver, e para isso, eu tive que inventar muita coisa. E tudo fazia muito sentido para mim, porque eu vivia no meu próprio conto de fadas. Para mim, tudo estava perfeito. Tudo conspirava ao meu favor, quando de repente, tudo desmoronou. Não sei, pareceu um ataque terrorista, uma viagem de trabalho imediata, um convite para uma festa em cima da hora, uma enchente, um terremoto sem aviso prévio, uma morte. Me pegou desprevenida. Não esperava por isso. Não, de maneira alguma. Ah, como eu sou egoísta. Para mim tudo sempre foi bom demais, eu me importei tanto comigo, fantasiei tanto as coisas que nem parei para olhar pro lado, nem tive tempo para ver se quem estava ao meu lado sentia tudo aquilo que eu sentia também. Eu estava em ecstasy, pulava de alegria, enquanto ele apenas sorria e fingia estar tão feliz quanto eu. Acho que no fundo, ele me amou mais do que eu a ele. Porque eu me amei. Eu amei a situação. Eu amei tudo aquilo. Eu amei o que ele significava pra mim, a imagem que eu idealizava dele, não o que ele realmente era. Talvez ele tenha toda razão de ter se cansado de mim, de ter me abandonado, de ter dito adeus com apenas um beijo na testa. Mas beijo na testa não é assim tão ruim, é? Não, não importa. Eu não o culpo, ao mesmo tempo que não me culpo. Acho que nenhum de nós temos culpa nisso. Somos apenas muito novos e não era pra acontecer. Espero que ele encontre alguém que o dê atenção e que o ame mais que tudo. E eu também espero que eu encontre alguém que... me ame também. E eu aprendi muita coisa e acho que estou pronta para amar de novo. Mas, ah, que falta ele me faz.
A chuva parou de cair. Acho que vou ligar para as meninas e marcar um cinema hoje. É isso que eu vou fazer. Agora. 

terça-feira, 26 de abril de 2011

Utopia

Se não me engano, seu nome é Anita. Tem por volta de 17 anos e, só de olhar, dá pra perceber que mede mais do que 1,75. Tem origens europeias, o que talvez explique seus olhos cor de oceano. Seus cabelos parecem ser pintados por tinta vermelha, e não diferenciava muito das sardas em sua pele. Ela é modelo e quase sempre desfila para grifes bem conhecidas em eventos como SPFW ou Fashion Rio. Parece ser legal para a maioria das adolescentes, que dariam tudo e talvez até mais para estar em seu lugar. Ela sabia disso. Aliás, ela chegou onde sempre esperou chegar, mas isso não quer dizer que não existia nada mais que ela poderia e queria alcançar. Desta vez, sua batalha ia mais longe e talvez ela nunca chegará a sentir o gosto da vitória. O que está em jogo desta vez é a sua felicidade. -Não, ela nunca chegou a falar isso pra mim, mas seu olhar revelava tudo o que ela cismava em não dizer.- Seus olhos com uma aparência tão triste e cansada fazia com que lhe rendesse mais dinheiro. Parece que a indústria da moda gosta do que é sofrido. Parece que tristeza virou moda. Mas aquele olhar tão distante não era mais um meio para ganhar status, mas sim a marca de tantas coisas que ela passou para chegar até lá.
Ela sempre foi muito reservada e calada. Seus olhos sempre foram grandes, sem contar com a cor, sempre chamaram a atenção. Seus pais se separaram por volta de seus 5 anos e desde então, Anita nunca mais viu seu pai. Essa perda, essa falta, esse pedaço arrancado sempre foi um dos grandes motivos de sua introversão e de sua complexidade. Aos 10, começou a ser vítima de Bullying no colégio. Motivos? Por ser magra demais e ter um rosto todo "manchado e estranho" (definição que davam as suas sardas). Inventavam apelidos maldosos, e sempre quando se pegava distraída, faziam algo a ela. -Maldita fase em que as crianças se acham grandes e começam a se ligar naquilo que se chama padrão de beleza. É por volta daí que se começa a incansável busca por perfeição. - Ela fingia não se importar, mas sempre quando chegava em casa, se pegava chorando e abafando o som com música alta. Aos 13 anos, começou a perceber que ser magra não era assim tão ruim e resolveu tirar algumas fotos e mandar para vários estúdios. Ela queria ser descoberta. Agora ela tinha um sonho. Ser modelo, uma top model. Ela não conseguiu resposta. Não até completar 15 anos e começar a participar de desfiles, fazer umas fotos e umas participações em comerciais. Mas com o passar do tempo, suas propostas eram mais sérias e convites para sua maior visibilidade começaram a surgir. E então, ela se deparou com um problema. Ela tinha amadurecido, e seu corpo começou a ter curvas, não tinha mais aquele corpo de criança, ou seja, seu peso havia aumentado. Ela buscava algo que lhe desse resultados imediatos. Dieta demora muito, remédios para emagrecer custam dinheiro. Então, ela resolveu não comer. Ela dizia que havia comido, só para não oferecerem comida. E se sua mãe obrigasse-a a comer, ela comia e vomitava depois. Aos poucos, ela foi emagrecendo, mas se sentia cada dia mais fraca. Ao se olhar no espelho, não conseguia ver nada mais do que uma gorda de bunda grande. E era este o estímulo para dar continuação à doença. Anita estava anêmica. As coisas só pioravam, chegou a ser internada algumas vezes, mas sempre quando ganhava alta, voltava ao que era antes. Não era mais por desejo de estar magra e sim por necessidade, aquilo havia se tornado um vício. Não comer fazia parte de sua rotina. E sem contar, que ela tinha medo de que ao voltar a comer, ela engordasse e perdesse tudo o que tinha conquistado. Anita é escrava da moda, da beleza e da perfeição imposta pela sociedade e pela mídia, ela tinha virado uma boneca nas mãos "deles". Ela sofre de anorexia e bulimia. Ela sofre daquilo que chamamos de insegurança. E lhe falta muito, mas muito, amor-próprio.
E lá está Anita. Desfilando em uma passarela para alguma grife. Desta vez em Paris. Sua aparência é de tanta determinação, de atitude e confiança. Mal sabem o que seus olhos escondem. Mal sabem o quanto ela sofre pela sociedade fútil e cruel na qual vivemos. Afinal, como poderiam saber? Ela vive de aparência. Tudo muito superficial. Ela ficou conhecida, como queria. Mas não reconhecida por quem ela é. Ela jogou fora as oportunidades de mostrar ao mundo o que ela realmente é, e o que ela tem a dizer. Porque nem ela mesma sabe o que ela é. -Bonito seu sorriso, Anita. Bem sexy.


Texto escrito com base em um dos temas do Bloínquês dessa semana: Padrão de Beleza.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ela não podia parar

Em um dia desses, ela não conseguia se lembrar exatamente quando, estava em algum lugar, pouco a importava onde. Procurava algo que nem ela mesma sabia se podia existir, nem ao menos ela sabia o que era. Mas tinha a total certeza de que algo estava procurando e só aquilo poderia tirá-la de onde ela se meteu. Sendo que ela não sabia onde estava, mas ela sabia que não era alí onde deveria estar. Estava perdida. Os caminhos tão tortos que a fizeram chegar até lá, eram de mão única. Não tinha mais volta. Ou ela encontrava um caminho que a levaria para um novo lugar, um caminho em que enriqueceria sua alma e a fizesse mais completa; ou ela daria um jeito de retornar pra onde estava inicialmente, porém, encontrando outro caminho, o que de fato seria perda de tempo; ou permaneceria alí. Ela sabia muito bem que a primeira opção seria a mais certa, mas ela sempre temeu mudanças e inovações. Não sabia de tamanho medo que sentia em tomar decisões, até aquele momento, quando teve que decidir seu próprio rumo. Era tudo tão desconhecido. Sentia como se vivesse uma vida na qual ela não conhecia nem metade. Sentia-se como se tivesse entrado nesse corpo por acaso e de uma hora pra outra. Aquela era a hora. Deveria se decidir. Já e agora. Permanecer parada, seria tão perda de tempo quanto voltar a suas origens. Sendo que parar consegue ser ainda pior do que qualquer retorno. O tempo estava passando, e então ela fechou os olhos e resolveu seguir seu caminho. Não voltou, não parou, apenas seguiu. Para algum lugar ela iria, poderia ser pior, mas algo mudaria e ela sairia de sua zona de conforto desconfortável. Não aguentava mais se sentir tão vazia e sozinha. Continuou caminhando. Olhava para trás e via uma enorme escuridão que lhe dizia: "Não olhe para trás, o que foi feito não tem como ser refeito. Você fez a sua escolha, agora arque com as consequências, não fuja."-  Sentia-se cansada, mas não podia parar, não poderia apenas ficar alí, onde não tinha nada. Deveria continuar, e assim fez. Por distração ou cansaço, sentiu seus pés afundando. Tinha caído em uma armadilha. Ela passou no único lugar onde tinha uma poça de areia movediça. Desesperou-se. Gritou pedindo ajuda. Mas lembrou-se que estava sozinha e que por alí ninguém a ouviria. Ela estava diante de um novo problema que só ela seria capaz de resolver. Ela lutou. Tentava se segurar onde podia. Não poderia ser sugada. Ela tinha que continuar. A vida dela estava em jogo. Não se renderia. Nunca. Começou a ofegar, não tinha mais forças. Ouviu, um pouco distante, barulhos. Passos. Não, ela não estava sozinha. Talvez ela nunca estivesse sozinha, mas estava preocupada demais para perceber que alguém a observava. Então, com a luz de uma laterna que "tal coisa" carregava, conseguiu enxergar sua silhueta. Era um homem. Que ao chegar mais perto, estendeu sua mão e disse: "Tome mais cuidado da próxima vez." - Ela olhou em seus olhos. Seu olhar era familiar. Apesar de que tinha certeza de nunca ter o visto antes. Ela sabia que devia muito àquele rapaz.
Ele a estendeu a mão e ajudou-lhe a enxergar melhor, pois a lanterna que estava em suas mãos, clareava todo o caminho e agora tinha certeza de que havia tomado o rumo certo.

Realidade

A realidade nunca foi muito atraente para mim. Até porque tudo o que é real, chega um dia que machuca. E sempre quando eu posso fugir da realidade, eu apenas me desligo do mundo que está diante de meus olhos e me transporto por um mundo totalmente inexplorado. E neste mundo, existe tudo o que eu sinto falta no mundo em que eu deveria estar vivendo. As pessoas se importam umas com as outras, há castelos por todos os lados, mas não existem reis ou rainhas. Todos são iguais, não existe preconceito, nem diferença. Não existem pobres ou ricos. Existem apenas pessoas. Os humanos mantem uma boa relação com o meio ambiente, e cuida da natureza como se fosse o maior de seus tesouros. As ruas são cheias de flores e o cheiro delas com o cheiro dos frutos das árvores, fazem com que até o cheiro da cidade seja doce e suave. Em todo canto tem um pouco de alegria. Tristeza é algo que nenhum de seus habitantes sabem o que é. Solidão muito menos. Todos os finais de semana, há teatros e musicais nas ruas. Todos são felizes. Todos são amigos. Todos são perfeitos. -Alice, minha filha, vem lavar a louça. - Gritou minha mãe (real) da cozinha.Mas sempre quando estou na felicidade dos meus pensamentos, bem longe da Terra, e mais perto de lugar nenhum, algo me faz abrir os olhos. Não consigo viver apenas lá, onde eu adoraria ficar. A realidade me faz perceber que não tem como estar em dois lugares ao mesmo tempo. Na verdade, só há um lugar onde eu devo estar neste momento, onde eu estou pisando. Por menos perfeito que este seja, e por mais doloroso e sofrido, ele é real. E às vezes, a realidade tem que se tornar atraente, pois só ela tem o poder de te fazer sentir. E chega uma hora, que todo aquele mundo de fantasia se torna cansativo. Pois nada é sempre certo e nem sempre bonito. Como as pessoas podem ser felizes, se elas nem ao menos existem? Como podemos confiar nelas, se elas nunca poderão lhe dizer algo diferente daquilo que você imagina? Como as flores podem ser lindas, se não sentimos o cheiro que só elas têm? Nada é realmente lindo, nada é realmente gracioso, porque nada realmente existe. E as coisas quando acontecem sem a gente esperar, sem a gente imaginar se torna muito mais bonito do que qualquer sonho, ou mundo único e exclusivo seu. A realidade é linda sim, é muito melhor do que qualquer sonho. Mas algo que nos falta, é não esperar dos outros. Se quer uma mudança, comece a mudar a si mesmo.-Já estou indo, mãe. - Gritei, fechando meu diário e colocando-o em cima da cômoda.

Prazer, Fernanda.

Já que o "Quem Sou Eu" é tão breve, vou me apresentar por um post que eu adoraria não ter que fazer. Eu tenho uma certa fobia de escrever apresentações em blog ou em qualquer outro site. Eu tenho uma grande dificuldade em dizer/escrever quem eu sou. Porque eu posso ser tanta coisa, mas ao mesmo tempo eu sou um nada. Eu fico me perguntando qual é mesmo a minha importância na Terra. É tudo tão grande e eu não sou nem 0,00000000000000000001 % dela. Isso é um pouco deprimente. Porque eu sou uma partícula no universo. Ok, chega disso.
Meu nome é Fernanda FCBN, não acho que seja importante mencionar os meus quatro sobrenomes. Tenho 15 anos (além de ser uma partícula, sou uma pirralha). Nasci e moro no Rio de Janeiro e eu amo esse lugar. Não me imagino em outro lugar do Brasil a não ser aqui. Eu velejo e não duvido que seja este um dos motivos de admirar tanto o lugar onde moro. Eu adoro ver e conhecer a Cidade Maravilhosa do mar. É uma outra visão. Eu sou apaixonada pelo oceano. Apesar de que pensar em suas profundezas me faz sentir um pouco de pavor. E morro de medo do meu barco virar e uma lancha ou qualquer outro barco movido a motor me "corte" ao meio. Gosto muito de cantar, apesar de não ter o dom. Sou apaixonada por qualquer tipo de arte e eu adoraria saber me expressar através da pintura, desenho ou música. Tenho muita vontade de aprender a tocar piano. E eu sempre quis cantar ópera. Adoro dança. Adoro ver como o corpo exprime emoções através de movimentos tão suaves como no Ballet. Gosto de correr, eu corro em qualquer lugar que tenha espaço o suficiente pra isso. Gosto de pular também e eu sempre sonhei em ser um canguru. Gosto muito de ir à praia, mas me deixa totalmente irritada quando eu sou obrigada, por algum motivo, a ficar somente na areia. Aquela coisa me pinica e tira o meu humor rapidamente. Eu preciso ir à praia pra ficar o tempo todo na água, levando caixotes e pulando nas ondas. Gosto muito de ler e sempre tive orgulho das minhas notas na disciplina de Língua Portuguesa. Mas eu odeio escrever textos dissertativos/argumentativos. Eu descobri que odeio explicar, sou do tipo que gosto apenas de informar. Porque explicar me faz perder muito tempo e paciência. Sou confusa. Mas isso já deu pra perceber bem. Gosto de Geografia, História, Química e pouco de Biologia. Já pensei em várias profissões, mas sempre acabo parando em Relações Internacionais ou Psicologia. Sempre. Faço técnico em Administração, mas não vou seguir isto de jeito algum. Escrevo muita coisa, não consigo escrever textos com máximo de linhas porque sempre extrapolo. Sou uma menina muito risonha e bastante tímida. E eu já cansei de escrever sobre mim e achei que esse post foi totalmente inútil e desgastante. Beijocas, Fernanda.