sexta-feira, 1 de julho de 2011

Talvez um café

Eu reconheço esse olhar. Eu já te vi antes. Não me lembro onde, muito menos quando, mas tenho certeza que te conheço. Não sei se dessa vida, se é que realmente existem vidas passadas. Mas nada me tira da cabeça que os seus olhos já trocaram olhares com os meus. Sim, sim! Oui, oui! Eu reconheço esses seus olhos grandes e com um formato singular, não consigo descrever com apenas palavras a perfeição dos detalhes de seus olhos e muito menos do formato que faz O charme. Mas algo nele me faz querer penetrar em seu interior só pra desvendar os mistérios que, sem sombra de dúvidas, você esconde. Seu olhar parece fazer saudação a minha alma. Há algo de muito profundo nisso tudo, e que muito me instiga. Algo em seu olhar é triste, sinto-me maluco ao dizer isso de uma mulher com o jeito tão refinado e que abre um sorriso daqueles de iluminar o mundo. Mas com certeza há algo de triste. Uma solidão talvez. Ou será uma decepção? Pode ser o amor... todo mundo sofre por amor. Não, não, você parece ser um pouco mais. Talvez seja a perda de alguém que muito amou... é, pode ser. Ou não. Pode ser insegurança ou simplesmente, descontentamento com a vida. Posso tomar coragem então?
-Seria muito indelicado de minha parte perguntar seu nome?
-Seria até muito delicado.
-Então... como se chama? - Desculpe-me pela minha falta de jeito com mulheres.
-Clarice. Mas tem certeza de que não nos conhecemos?
-Não, não tenho certeza.
Depois dessa minha resposta tão imbecil, você abriu o mais lindo sorriso que já vi brotar em lábios femininos antes.
-Mas eu quem sou indelicada, como é o seu nome mesmo?
-Lucas. Um café?
Foi com essa pergunta terrível, que começamos então a iniciar uma conversa por horas, uma amizade por anos e um amor que eu realmente espero não terminar nunca.