sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Vivo num mundo ilusório, numa realidade paralela, em algum tempo perdido, em algum lugar desconhecido. Acredito em coisas que não fazem o menor sentido, mas há algo além em tudo o que vejo. Eu realmente acredito que quando se sonha e quando se quer de verdade, acontece. Talvez aconteça em seus sonhos, mas acontece. O que eu considero real pode ser totalmente irreal e louco para os outros. Às vezes me pego atordoada, sem saber ao certo em que acreditar, no que ter certeza, no que eu posso confiar. Às vezes a única coisa que desejo é que os meus pés permaneçam firmes no chão para que eu não perca a cabeça, outras vezes, o que eu mais quero é me desgarrar da verdade e correr rumo ao imaginário. Não sei ao certo o que acontece comigo e com minhas mudanças constantes de opinião e vontades. Hoje quero, amanhã não quero, depois pode ser que eu volte a querer. Minhas ideias e opiniões mudam conforme a maneira como acordo e possivelmente mudarão conforme o decorrer do dia. Algumas pessoas me chamam de sonhadora, outras de pé-no-chão, e eu penso que sou um pouco dos dois, assim como tudo existente. Não consigo me definir em um dos pólos, sou sempre o meio-termo exagerado. Posso me comportar como onda ou como partícula; posso estar viva ou morta; sou a representação humana da física quântica. Sou o desconhecido, sou aquilo que todos perguntam que sentido faz. Sou a mente perturbada, sou as ideias loucas e o sono que te atordoam  nas madrugadas. Sou a brisa tranquila, a maré baixa e o barco a velejar. Sou os medos e as angústias, sou as sensações do mundo, sou sorrisos sinceros. Sou tudo o que você quer longe e ao mesmo tempo perto, bem perto. Sou o peso da consciência e a leveza de se estar bem com a vida. Sou tudo, sou nada. Sou uma contradição e um conflito. Sou aquilo que chamam de estranho.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

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Por esses dias eu tenho estado um pouco cansada do dia-a-dia, das mesmas coisas, dos estudos (principalmente) e dos lugares. Eu tenho estado mais para mim, mais para dentro, mais egoísta. Tenho lido muitos blogs de viagem, visto muitos vídeos de viagens... e que saudade brotou em mim. Saudade da viagem que eu fiz no meio do ano. Ai como foi bom... como eu me encontrei, como eu aprendi coisas diferentes e vi que o meu lugar não é aqui, nem em outro lugar por aí. Meu lugar é meio sem rumo, sem direção, meu lugar é pelo mundo. Meu sonho é colocar nas costas uma mochila, apenas com o básico e sair andando, sair sem pressa e sem tempo para voltar. Sem compromisso e sem medo. Seguir apenas em frente. Andar até chegar na pontinha do Canadá, depois voltar. Pegar um avião e ir para a Europa, andar por lá, descer até à África, andar, andar, andar, depois voltar e conhecer a Rússia, depois descer pela Ásia. Ah, e depois eu pego outro avião e vou para a Oceania, mas claro que não posso deixar de aparecer em Madacasgar, Ilha de Malta, Japão, e outras ilhas por aí perdidas. Sei lá, eu me sinto meio mal de pensar que isso é apenas um sonho. E que eu assim tão pequena não vou conhecer um mundo tão grande. Com tantos becos e ruas sem saídas. É quase impossível. Mas eu como boa sagitariana, não deixo de ser otimista, e penso que eu posso fazer diferente. E um dia quem sabe, esse blog não vire um blog sobre minhas aventuras de viagem? Falando nisso, agora estou nas mãos com o meu caderninho que comprei em Paris no qual escrevi parte das minhas aventuras. Pelo menos todos os dias que passei em Paris. Há vários papéis de notas fiscais, embalagens de balas, tickets de metrô (e são muuuuuuuitos) e muitas entradas de museus. Ah, que lindo! Falando em Paris, eu sinto muita falta de lá. De todos os lugares que passei e conheci, Paris foi o que mais me senti bem. Eu me senti em casa, me senti livre, me senti feliz. Feliz mesmo e não por puxa-saquismo ou algo do tipo. Eu imaginava Paris de um jeito, mas é muito melhor. É quase que inexplicável a sensação que tive ao avistar lá de cima, acima das nuvens, as ruas de Paris, ao descer ver a singularidade das praças e as ruas em torno. Avistar tão distante, a Torre Eiffel, que mais parecia uma formiga. E naquele momento pensar: "É tudo real! Isso tudo existe!"
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O mistério das cores - Parte II

Uma onda de lembranças a atacou... Lembranças essas que o tempo fez aos poucos que permanecessem como apenas passado. Momentos que ficaram para trás, que foram enterrados no meio de tantas outras coisas enterradas dentro dela. Poucas coisas faziam-na relembrar o que ficou, mas aquelas foram as palavras certas para despertar a nostalgia de sua vida.
Helena desde muito pequena teve dificuldades de relacionamentos e na infância preferia brincar sozinha com suas bonecas e sua caixa de lápis de cor aquareláveis. Morava com seu pai e os dois eram muito apegados. Sua mãe não se sabe ao certo quem é. A abandonou logo após seu nascimento e não voltou a procurá-los. Mas seu pai sempre exerceu um ótimo papel de pai e mãe. Ele era pintor (explicando que o talento é hereditário) e seu ganho diário vinha de sua arte. Era uma pessoa virtuosa e otimista, tentava passar a imagem de que a vida é bela para a pequena Helena, dando sempre motivos para que a pequena sorrisse e nunca deixasse de sonhar. No fundo, ele não era exatamente feliz com a vida que levava, tinha ambições, queria ganhar mais, querida dar melhor qualidade de vida à filha e sem contar com a mania de solidão. Sentia-se sozinho e ainda alimentava o amor pela mãe de Helena. Não se conformava com seu abandono. Aos poucos, por causa da insatisfação com sua vida e consigo mesmo, foi se afundando cada dia mais, piorando toda a situação e o fazendo entrar em depressão. Nessa época, sua filha já estava com 14 anos e já sabia da realidade das coisas, ajudava seu pai e tentava roubar dele o mesmo otimismo que tinha há pouco tempo atrás. Mas nada funcionava, ele estava desmotivado. Para ele, a vida não fazia tanto sentido. Então a vida continuou do mesmo jeito. Ao passar alguns meses, em um dia nublado, numa daquelas idas de todo mês ao supermercado, algo de diferente e que modificaria vidas para sempre, aconteceu. Um crime "perfeito". Assalto à mão armada ao supermercado. Saque de R$3.000 e com três mortes. Sendo uma do pai de Helena. E suas últimas palavras foram: "Minha filha, pena eu ter aprendido tarde que é preciso acabar com essa tristeza, é preciso inventar de novo o amor. Espero que você não comenta os mesmos erros que eu cometi. Eu te amo."  

domingo, 21 de agosto de 2011

O mistério das cores - Parte I

Ela tinha o dom. Ela sabia como desfrutar de suas mãos para transformar um nada em arte. Tinha consigo um pincel, alguns potes de tintas coloridas e uma tela em branco. Sabia da importância de não desperdiçar o pouco que tinha. Artistas, como tudo na vida, precisam de prática, treino e paciência. Mas ela não queria algo grandioso, apenas exteriorizar aquilo que fica preso dentro dela mesma. Quando pouca era a inspiração, jorrava as tintas sobre a tela no compasso da música em que ouvia. E assim ela passava pelos dias, usando as cores como meio de contar sua vida. Não tinha a personalidade fácil, era introspectiva e desconfiada. Sua vida era uma bagunça. Nada, sem que seja sua arte, tinha acabamento. Amores não vividos, amizades sem convivência, saudade que ancorava-a no fundo do mar, não sabia exatamente o que fazer. Não queria permanecer na confusão de sua vida, não entendia sua própria mente e pouco eram os motivos de fazê-la sorrir. Ao mesmo tempo que não queria mudar. Tinha medo de mudanças, pois em todas as vezes que tentou modificar algo, acabou em desespero. Mas seu maior medo não era apenas, que as coisas pudessem piorar, mas que pudessem melhorar. Achava que tudo que é bom demais tem algo a esconder. Mal sabendo que ela está se escondendo de sua própria felicidade. Sua vida era uma eterna rotina. Acordar, ir ao trabalho, voltar pra casa e se trancar em seu quarto, em seu mundinho e pintar. Até que em um desses dias tediosos e iguais, algo de diferente aconteceu. Encontrou um pedaço de papel dobrado simetricamente em um de seus cantinhos de guardar tintas. Um recadinho. Quem poderia ter-lhe mandado? Não conhecia muitas pessoas, e não se envolvia muito com as que conhecia. Talvez tenha sido um engano, mas dentro de sua casa não é possível. E o recado dizia: "É preciso acabar com essa tristeza, é preciso inventar de novo o amor." - Após ler, sua mente quebrou-se em partes. O que já era bagunçado, acabou por se perder ainda mais. Eram peças soltas de um quebra-cabeça. Algo nela não estava como era. Palavras despertaram em seu interior o que a incomodava há tempos. Por muito tempo ela tentava curar o que doía, até esse tão simples recado mexer com tudo e fazer de tudo uma grande indigestão. Uma onda de lembranças a atacou...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Permita-me agradecer. Agradecer por suas palavras e pelos abraços aconchegantes. Eu não imaginava que poderia conhecer alguém que amenizaria a saudade de quem queria por perto. De abraçar não somente a mim, mas também meu coração e acalmá-lo dizendo: Eu tô aqui. Você me fez gostar não somente de você, mas de quem sinto saudade também. Aprendi a aceitar melhor as coisas, e que na falta de um, há sempre outro pra te dar segurança. Eu sei que posso contar com você pra qualquer coisa. Eu posso chorar no seu ombro. Te abraçar forte quando o medo aparecer. E ouvir suas broncas quando preciso. Ouvir coisas que às vezes machucam, mas que abrem meus olhos pro que pode acontecer. Suas palavras sinceras machucam ao mesmo tempo que aliviam. Mesmo sem perceber, você me fez ficar mais forte também. Não chorar por qualquer coisa e perceber que algumas pessoas simplesmente não vão se importar. O seu jeito confuso também me desperta a vontade de ser psicóloga um dia. Além de tudo, você ainda consegue plantar uma sementinha de esperança em mim. Você me faz acreditar que eu sou capaz, só basta que eu queira e que a minha felicidade só depende de mim. Eu quero te ter perto o tempo que a vida permitir.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Por essas andanças e caminhadas da vida, eu fui percebendo que todas as pessoas têm algo a oferecer. Se você tiver tempo, paciência e um pouquinho de atenção, pare para reparar que cada um tem uma maneira de fazer a diferença no mundo. Cada pessoa é única, por mais parecida que seja com tantas outras pessoas. Já me surpreendi com muita gente, já me decepcionei com muitas outras. Eu gosto de saber de cada pessoinha, a sua opinião sobre as coisas. Eu gosto de ouvir aquela pessoa que quase não foi ouvida, eu gosto de ouvir aquele que não diz tudo o que queria dizer. Pois são exatamente essas que pensam muito, e são exatamente essas que sabem muito. Aprender com as pessoas é essencial e perceber que se está aprendendo, é melhor ainda. Talvez uma palavra pode mudar o rumo de uma vida. Talvez um sorriso pode ser a chave que abre várias portas.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Talvez um café

Eu reconheço esse olhar. Eu já te vi antes. Não me lembro onde, muito menos quando, mas tenho certeza que te conheço. Não sei se dessa vida, se é que realmente existem vidas passadas. Mas nada me tira da cabeça que os seus olhos já trocaram olhares com os meus. Sim, sim! Oui, oui! Eu reconheço esses seus olhos grandes e com um formato singular, não consigo descrever com apenas palavras a perfeição dos detalhes de seus olhos e muito menos do formato que faz O charme. Mas algo nele me faz querer penetrar em seu interior só pra desvendar os mistérios que, sem sombra de dúvidas, você esconde. Seu olhar parece fazer saudação a minha alma. Há algo de muito profundo nisso tudo, e que muito me instiga. Algo em seu olhar é triste, sinto-me maluco ao dizer isso de uma mulher com o jeito tão refinado e que abre um sorriso daqueles de iluminar o mundo. Mas com certeza há algo de triste. Uma solidão talvez. Ou será uma decepção? Pode ser o amor... todo mundo sofre por amor. Não, não, você parece ser um pouco mais. Talvez seja a perda de alguém que muito amou... é, pode ser. Ou não. Pode ser insegurança ou simplesmente, descontentamento com a vida. Posso tomar coragem então?
-Seria muito indelicado de minha parte perguntar seu nome?
-Seria até muito delicado.
-Então... como se chama? - Desculpe-me pela minha falta de jeito com mulheres.
-Clarice. Mas tem certeza de que não nos conhecemos?
-Não, não tenho certeza.
Depois dessa minha resposta tão imbecil, você abriu o mais lindo sorriso que já vi brotar em lábios femininos antes.
-Mas eu quem sou indelicada, como é o seu nome mesmo?
-Lucas. Um café?
Foi com essa pergunta terrível, que começamos então a iniciar uma conversa por horas, uma amizade por anos e um amor que eu realmente espero não terminar nunca.

domingo, 5 de junho de 2011

Vem cá, amiga(o), segure a minha mão. Deixe-me mostrar algumas coisas que aprendi com a vida. Deixe-me que eu te ajude, que eu tente tirar um pouco o peso que carrega em suas costas. Lembre-se que duas pessoas é sempre melhor do que apenas uma. Lembre-se também que eu vou estar ao seu lado sempre que precisar. Quando chorar, vou dar-lhe um abraço para que o sofrimento se vá por inteiro. Quando sorrir, vou dar-lhe mais alguns motivos para que dê aquelas belas gargalhadas. Quando a saudade apertar, me ligue e vou tentar reconfortar. Quando apenas quiser conversar ou contar da vida, ligue-me. Quando se sentir pequena demais, lembre-se de que todo mundo é pequeno demais, mas isso não quer dizer que cada pessoa não tenha um papel importante para a humanidade. Não importa em que circunstância esteja, lembre-se que você tem alguém. Alguém com quem pode confiar. Alguém que não quer te fazer mal, pelo contrário. Alguém que está disposta a não soltar a sua mão. Alguém que te diga: "Amiga(o), estou aqui, por mais que eu seja muito pouco, eu sou alguma coisa. Alguma coisa que quer, apenas, te ver feliz".

quarta-feira, 1 de junho de 2011



Não sei o que exatamente está acontecendo comigo. Nada está como deveria está, se é que as coisas têm um jeito certo. Só sei que eu não estou me entendendo. Não estou conseguindo entender as confusões em meu interior, os nós que formam emaranhados gigantescos em minha mente, e aquele sentimento vazio. Sinto-me vazia. Não totalmente vazia porque minha cabeça dói por ter tanta coisa gritando dentro de mim. Não sei. Estou me sentindo fria. Gelada. Mas na verdade, eu acho que só preciso de alguém que possa me aquecer. Não apenas me aquecer doando-me um cobertor, mas me emprestando a sua companhia. Ah, como seria bom se tivesse alguém aqui. Mas como não tem, eu corro. Corro de mim mesma, corro do mundo, dos outros. Eu tento achar um lugar distante, distante de meus problemas e de minha mente perturbada. Tento encontrar nos sorrisos alheios aquilo que me falta. Tento encontrar abrigo nos olhos de alguém. Tento me aproximar de pessoas que não me interessam pra ver se me sinto menos sozinha. Até porque eu não sei onde estão as pessoas que me interessam, do jeito que eu estou, duvido que alguém realmente me interesse. Todo mundo é bobo, infantil e sem graça. Eu preciso de um refúgio. Um lugar onde eu possa me sentir mais completa, mais viva, mais...porra nenhuma.

sábado, 28 de maio de 2011

Hoje eu acordei com uma vontade sobrenatural de fazer de algum momento inesquecível. Acordei com uma vontade perturbadora de fazer algo novo. Acordei querendo mais emoção, mais sentimento, mais cor, mais música em minha vida. Acordei com uma sensação de leveza. Não, não estou pensando em um momento inesquecível do tipo encontrar um amor pra vida toda. Não. Eu quero um momento daqueles em que estou sozinha, abraçando a solidão, como se fosse uma grande amiga. Só eu e eu, num lugar quase deserto. Onde eu posso extrapolar, onde não há limites, e eu posso explorar tudo, posso viver do jeitinho que eu quero. Eu quero esse momento sozinha, mas talvez com um pintor que possa reproduzir em uma tela a emoção de me ver voar. Sim, é exatamente isso que desejo. Desejo voar. Voar, voar, voar. Quero sentir meus pés soltos no ar, melhor, eu quero não sentir meus pés. Quero sentir aquele frio na barriga típico de quando desafiamos a aceleração da gravidade. Eu quero ver de cima tudo o que estou acostumada a ver sempre da mesma maneira. Eu quero novas perspectivas. Eu quero novas visões. Eu quero sentir algo que desafie a mim mesma. Estou cansada da mesmice de todo dia. Tédio, compromissos, responsabilidade. Mas eu tento permanecer acesa a chama de querer ser muito feliz. De ficar off do mundo, de não me importar com os esteriótipos, com regras, com dinheiro, com pessoas, com críticas, com nada. Pois o que eu mais quero é voar. E eu sei voar, sei muito bem, sei exatamente a sensação, já sonhei com isso várias vezes, só falta mesmo o momento em que eu poderei pôr em prática todo o meu conhecimento de como pilotar a mim mesma. E me perdoe quem não tem sonhos, mas eu vou realizar o meu "impossível". Agora feche os olhos e imagine-se perto, bem perto das nuvens, e longe, bem longe do chão.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sentada naquele píer que era onde sentávamos para sonharmos de vida, me lembrei de você. Me lembrei de todos os momentos que passamos naquele mesmo lugar. Não pude me esquecer daquele bloquinho que eu sempre carregava em minha bolsa, para escrevermos todos os sonhos que fazíamos juntos. Eu sempre achei genial a sua maneira de imaginar as coisas. Você acreditava tanto que me fazia acreditar tanto quanto você, por mais impossível que fosse. Senti aquele cheiro tão único do mar, aquele vento forte batendo em meu rosto e em meus cabelos, o barulho dos motores das lanchas e das velas dos veleiros panejando, o movimento das ondas e o gosto de sal da água do mar. E que doce foram as lembranças que me vieram à mente. Daquela época da infância que corríamos no píer por entre os barcos atracados e brincávamos de pique-esconde dentro de alguns deles. Mas penso eu que o momento mais marcante da nossa juventude "marítima", foi quando nos beijamos pela primeira vez, antes de você se mudar pra tão longe. Nós pegamos um barco escondido. Não consigo me lembrar ao certo que barco era, mas lembro que era a remo e tinha uma âncora tão grande e pesada que quase adernava o barco. Nem nos importamos com os problemas que aquilo poderia nos causar, éramos tão jovens e pouco nos importava as consequências de nossos atos, mas tenho consciência do quanto fomos imprudentes. Pulamos no barco de madeira, cada um em um bordo, tentando sicronizar o movimento dos remos. Fomos em direção ao vazio, ao desconhecido, não queríamos enfrentar mares ou dar à volta ao mundo, só queríamos nos distanciar o máximo que conseguíssemos. A maré estava alta e o vento fraco -sorte a nossa-. Quase não se via rajadas e o mar estava calmo e silencioso. Ficamos à deriva. De propósito. E então ficamos olhando um ao outro, conversamos um pouco, silenciamos logo depois. Até que você me roubou um beijo. O meu primeiro beijo, e foi logo com quem eu mais admirava no mundo. Permanecemos no mesmo lugar por horas, dormimos, acordamos, rimos, eu te joguei no mar, você me puxou pro mar e ficamos brincando de jogar água no outro. O sol estava se pondo e decidimos voltar antes que nossa ausência fosse notada e antes que sua mãe, sempre tão apavorada, chamasse a polícia para nos buscar, esteja onde estivessemos. Mas acho que o vento estava realmente ao nosso favor, pois de uma maneira quase que milagrosa, secou nossas roupas antes de chegarmos. Ah, quanta saudade sinto de você, meu pequeno príncipe.

domingo, 8 de maio de 2011

Feliz Dia das Mães

Mãe querida,
Sei que não lerá esse texto, pois eu não pretendo mostrá-lo a você. Não agora. Mas talvez você já tenha descoberto que eu criei um blog e resolva sempre dá uma visita sem que eu saiba. Na verdade, não me interessa saber se você lerá ou não. O que importa pra mim, é que eu vou dedicar todo este post a você. Vou dedicar não somente por você ter me tido e ter me carregado dentro de si durante 9 meses, mesmo que eu saiba que este seja um motivo e tanto. Eu dedico por tudo o que você fez e faz por mim. Por todos os momentos que passei ao seu lado e a todas as vezes que me apoiou, me deu broncas, ficou comigo, me viu chorar, me viu sorrir, lutou por mim, brigou por mim, deu tudo o que podia e o que não podia para me ver sempre bem, buscou sempre fazer o melhor pra nós duas. Eu adoro o seu jeito. Eu não te digo isso, a propósito, você acha que eu não te admiro e fica sempre tão tristinha quando pensa que eu te acho uma boba. Mas não. Você é tudo o que tenho de mais precioso. Você merece todo o meu amor e todo o meu carinho, e tudo o que conquistei eu devo a você. Eu realmente agradeço por nunca ter desistido de mim e por ser uma mulher tão forte e batalhadora. Você luta por aquilo que quer, você tem objetivos e tenta chegar até eles. Você é muito determinada, mamãe, mas ao mesmo tempo é cheia de inseguranças e medos. Talvez nem você saiba que tem, mas eu percebo. Você, ao mesmo tempo que sabe o que quer, sempre tem uma dúvida, uma questão em suas afirmações. São discretas, passam quase que despercebidas, mas ainda sim não são nulas. Esse seu jeito me irrita muitas vezes. Não consigo nem contar quantas vezes você me tirou do sério por esse seu jeito de não saber ao certo o que quer. Esse seu jeito tão "mas", "e se". Esqueça, mamãe. Se você quer, é isso e pronto. Você é um dos motivos de minhas dores de cabeça. Seus gritos, seu estresse, seu mau-humor, sua inquietude, seu jeito extremista de ser. Seu jeito taurina de ser. Mas ainda sim, consegue ser uma mulher maravilhosa. Suas histórias são sempre engraçadas. Essa sua mania de amar sempre. O tempo todo. Além de ser uma grande sonhadora. Você é tão avoada, ao mesmo tempo que é tão pé-no-chão. Em questões amorosas, você é um problema, é sempre cheia de dúvidas e cheia de teorias, e então eu quem tenho que interferir e muitas vezes abrir seus olhos. Claro que não me escuta sempre, mas o que eu falo faz você pensar, tenho certeza. Mãe, eu adoro ser sua amiga. Eu gosto quando você me conta os seus problemas e sonhos e eu te ajudo com meus conselhos, que são sempre tão realistas e que às vezes te faz ficar com uma cara decepcionada, mas no fundo, sei que concorda comigo. Desculpa, mãe, mas eu não vou permitir que você seja iludida. Eu quero as coisas bem claras, e assim como você faz comigo, eu também quero te defender de tudo. Eu te admiro por sempre ter garra de lutar por aquilo que quer. Por trabalhar desde cedo e sustentar a sua família, que sou eu. Sei que passamos por problemas financeiros, mas eu sempre confiei que você superaria e que conseguiria se reerguer, porque você sabe muito. E eu não errei. Você foi e mostra até hoje a ótima profissional que é. Você não tem medo de nada, mãe, segue em frente e dá a cara à tapa. Diz o que acha que é certo e assume o que disse. Enfrenta seus problemas e sempre tenta resolvê-los da melhor maneira possível. Usando sempre a logística da melhor maneira possível. Lembro que todos os dias das mães na minha infância, nós passávamos no escritório. Você trabalhando e eu brincando nos sites de jogos. Pedíamos comida do China in Box ou então esquentávamos uma lasanha. Era bobo, mas estar com você já mudava tudo. Sua companhia sempre foi insubstituível pra mim, a sua presença na minha vida é tudo o que eu mais preciso. Sempre. Você me mostrou o lado bom das coisas, e me ajudou a superar a ida do meu pai. Você com o seu jeito: "eu estou aqui, e eu vou sempre estar com você, não sofra". Realmente, nós passamos por muitas coisas juntas, aliás, toda a minha vida. Quase todos os melhores e piores momentos da minha vida, você esteve comigo. Você é uma mãe coruja, sim. É possessiva, sim. É egoísta, sim. É super protetora, sim. Mas eu sei que no fundo você tem medo de me perder e odeia me ver triste. Poucas foram as vezes que te vi chorar, mas quando te vi, eu sofri muito. Porque o seu choro é tão desesperado e ao mesmo tempo tão discreto. Sei que quando uma lágrima sai de seus olhos é porque chegou ao seu limite, nem mesmo quando você entrou em depressão ao se separar do meu pai, eu te vi chorar. Não que você não tenha chorado, mas você nunca quis que eu visse. Porque como sempre, você quis me proteger e me mostrar que tudo estava em seu devido lugar. Obrigada por ser assim, mãe. Por sempre ter cuidado e ao mesmo tempo sempre mostrar como a vida é realmente. Suas lições e conselhos podem não ser os melhores, mas tem uma certa sabedoria em todos eles. 
Mãe, eu tenho muito mais a falar e a agradecer a você. E muito a dizer que não é assim tão bom. Mas é apenas um post, não uma vida. E eu queria lhe dizer que você é TUDO pra mim. Não é aquela típica frase que todos os filhos dizem pras mães em seus dias, é porque você REALMENTE é. Eu devo tudo, tudo, tudo a você. Eu sei que falo mal de você muitíssimo e te critico o tempo todo, mas isso é porque eu te amo. Eu não sei demonstrar as coisas muito bem. Mas sim, eu te amo e muito. <3
De sua filha, Fernanda.

sábado, 7 de maio de 2011

Como uma folha ao vento

Ela se sentia como uma folha. Uma folha que por causa do vento forte, se desprendeu de seu caule. Era levada para outros lugares, outros ambientes, sem que fosse pra onde pertencia. Ela se sentia como uma folha que precisa estar em seu lugar de origem para que possa sobreviver, mas que não permaneceu lá, e agora luta pra conseguir se manter viva. Sente-se tão fraca, tão perdida, tão sem rumo e sem ter o controle sob seu próprio corpo. Sua mente viaja para lugares tão longes e tão reais. Seus pensamentos se confundem com a realidade frequentemente. Sua memória anda fraca. Não se lembra ao certo o que fez ontem, pois talvez ela não tenha feito nada realmente, apenas seguiu a rotina na qual já se acostumou. Sua vida parece tão vazia e sem sentido. Mal sente seus pés no chão, mas sente muito bem o vento batendo em seu rosto. Ela não entende porque tanto barulho, tanto tumulto, tanta confusão. O mundo dela é sempre tão em paz, tão calmo e tão... sozinho. É como se ela perdesse a noção do tempo e do espaço. As coisas apenas acontecem e ela não se dá conta. A vida passa e ela não repara. As horas correm e ela nem sai do lugar. Ela se sente como se estivesse congelada enquanto tudo está como deveria estar. As pessoas continuam com seu ritmo cansativo de sempre, os buzinas ainda fazem um barulho irritante, os saltos das mulheres que trabalham ainda batem no chão da rua fazendo aquele "toc toc", as pessoas ainda gritam umas com as outras, a vida lá fora continua a mesma confusão e correria de sempre. Ela se sente deslocada, acha que não pertence a lugar nenhum na verdade, que é uma estranha em sua própria realidade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Escute

Uma de minhas maiores perdas foi você ter ido. Sei que eu posso te ver nas férias, te ligar quando quiser, mas ainda não tem como negar que você se foi. De alguma maneira. Você está distante de mim em todos os sentidos possíveis. Não apenas por estarmos longe em questão de quilômetros, mas por nos distanciarmos cada dia mais. Te dói muito saber disso, mas saiba que dói muito a mim também. Eu queria sentir o seu abraço e a sua presença todos os dias. Mas eu não sei, é tão estranho pensar em estar contigo todos os dias, já que eu me acostumei a estar sempre tão sem você. Eu me acostumei com a falta que você me faz, com os apertos no peito sempre que penso nos momentos bons que passei ao seu lado, da tristeza de ter te visto partir. Pensava que seria por um ano, mas já passou de um ano faz alguns anos. Já chorei muito. Já quis que você voltasse inúmeras vezes. Já desejei que tudo por aí fosse ruim para que você lembrasse que aqui seria melhor. Mas nada adiantou. Já te liguei pra brigar, pra dizer que estava com saudades, pra dizer com aquela minha maneira sempre tão superficial que te amo. Mas me conformei. Apenas. O conformismo é sempre um desastre, mas eu tinha que escolher entre isso ou o mais desastroso ainda: sofrer e fazer drama. Mas é claro que a segunda opção não se encaixa no meu perfil sempre tão forte e sempre tão "estou muito bem, obrigada". E como eu sempre busco não contrariar meus princípios, eu optei por apenas ignorar a sua ausência. Me tornei fria, sim. Me tornei ainda mais superficial em questão de sentimentos, sim. Me tornei mais desconfiada, sim. Me tornei várias outras coisas nem tão boas assim, sim. Mas pelo menos, uma coisa ainda não deixei de fazer. Aliás, essa é uma coisa que eu quero sempre fazer. Será sempre a minha escolha final, pois eu ainda tenho uma última coisa pra fazer. E essa coisa é sorrir. É passar por cima de qualquer angústia, medo, insegurança, saudade, levantar a cabeça e sorrir. Porque se tem gente que sofre bem mais do que eu e ainda consegue sorrir, por que eu não posso? Sim, e eu posso. E me permito.
Não, não, mas antes de terminar e colocar um ponto final neste texto, ainda tenho uma última coisa pra fazer. Não me importo de sempre repetir essa frase, e você achar sempre tão sem-graça e irritante (pelo menos é isso o que você diz), mas eu te acho um chato e eu te amo muito, Pai.

Bloínquês. 65ª edição conto/história - Tema: Eu ainda tenho uma última coisa pra fazer.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cabeça erguida

Aqui estou, ouvindo o barulho da chuva. O vazio do meu quarto me incomoda. A falta de som me assombra. Mas ainda sim escuto o barulho das gotas no telhado e o barulho que as rodas dos carros fazem ao passar por uma poça. Isso me lembra que eu tenho que fazer alguma coisa. Talvez sair correndo pela chuva sem rumo? Talvez sair por aí gritando alguma citação de algum dos muitos livros que tenho na prateleira? Talvez apenas cantar e dançar, como no clássico "Cantando na Chuva"? Ou nada disso. Permaneço sentada no chão observando as gotículas que descem pela janela fechada. Ah, que falta ele me faz. Por que teve que ir? Por que me deixou assim tão sem explicação? Por que apenas disse algumas palavras que mal faziam sentido e partiu? Acha realmente justo me deixar sem palavras? Sei que nunca vou ter as respostas das inúmeras perguntas que ecoam pela minha mente, porque eu não o verei mais. Pretendo não vê-lo mais. Mas como me deixou sem explicação, me permito tirar minhas próprias conclusões. E de tudo que eu cismo em rever, de todos os momentos, de todas as conversas, eu vi o quanto estava cega. É, eu não conseguia enxergar meio palmo diante de meus olhos. Só via aquilo que eu queria ver, e para isso, eu tive que inventar muita coisa. E tudo fazia muito sentido para mim, porque eu vivia no meu próprio conto de fadas. Para mim, tudo estava perfeito. Tudo conspirava ao meu favor, quando de repente, tudo desmoronou. Não sei, pareceu um ataque terrorista, uma viagem de trabalho imediata, um convite para uma festa em cima da hora, uma enchente, um terremoto sem aviso prévio, uma morte. Me pegou desprevenida. Não esperava por isso. Não, de maneira alguma. Ah, como eu sou egoísta. Para mim tudo sempre foi bom demais, eu me importei tanto comigo, fantasiei tanto as coisas que nem parei para olhar pro lado, nem tive tempo para ver se quem estava ao meu lado sentia tudo aquilo que eu sentia também. Eu estava em ecstasy, pulava de alegria, enquanto ele apenas sorria e fingia estar tão feliz quanto eu. Acho que no fundo, ele me amou mais do que eu a ele. Porque eu me amei. Eu amei a situação. Eu amei tudo aquilo. Eu amei o que ele significava pra mim, a imagem que eu idealizava dele, não o que ele realmente era. Talvez ele tenha toda razão de ter se cansado de mim, de ter me abandonado, de ter dito adeus com apenas um beijo na testa. Mas beijo na testa não é assim tão ruim, é? Não, não importa. Eu não o culpo, ao mesmo tempo que não me culpo. Acho que nenhum de nós temos culpa nisso. Somos apenas muito novos e não era pra acontecer. Espero que ele encontre alguém que o dê atenção e que o ame mais que tudo. E eu também espero que eu encontre alguém que... me ame também. E eu aprendi muita coisa e acho que estou pronta para amar de novo. Mas, ah, que falta ele me faz.
A chuva parou de cair. Acho que vou ligar para as meninas e marcar um cinema hoje. É isso que eu vou fazer. Agora. 

terça-feira, 26 de abril de 2011

Utopia

Se não me engano, seu nome é Anita. Tem por volta de 17 anos e, só de olhar, dá pra perceber que mede mais do que 1,75. Tem origens europeias, o que talvez explique seus olhos cor de oceano. Seus cabelos parecem ser pintados por tinta vermelha, e não diferenciava muito das sardas em sua pele. Ela é modelo e quase sempre desfila para grifes bem conhecidas em eventos como SPFW ou Fashion Rio. Parece ser legal para a maioria das adolescentes, que dariam tudo e talvez até mais para estar em seu lugar. Ela sabia disso. Aliás, ela chegou onde sempre esperou chegar, mas isso não quer dizer que não existia nada mais que ela poderia e queria alcançar. Desta vez, sua batalha ia mais longe e talvez ela nunca chegará a sentir o gosto da vitória. O que está em jogo desta vez é a sua felicidade. -Não, ela nunca chegou a falar isso pra mim, mas seu olhar revelava tudo o que ela cismava em não dizer.- Seus olhos com uma aparência tão triste e cansada fazia com que lhe rendesse mais dinheiro. Parece que a indústria da moda gosta do que é sofrido. Parece que tristeza virou moda. Mas aquele olhar tão distante não era mais um meio para ganhar status, mas sim a marca de tantas coisas que ela passou para chegar até lá.
Ela sempre foi muito reservada e calada. Seus olhos sempre foram grandes, sem contar com a cor, sempre chamaram a atenção. Seus pais se separaram por volta de seus 5 anos e desde então, Anita nunca mais viu seu pai. Essa perda, essa falta, esse pedaço arrancado sempre foi um dos grandes motivos de sua introversão e de sua complexidade. Aos 10, começou a ser vítima de Bullying no colégio. Motivos? Por ser magra demais e ter um rosto todo "manchado e estranho" (definição que davam as suas sardas). Inventavam apelidos maldosos, e sempre quando se pegava distraída, faziam algo a ela. -Maldita fase em que as crianças se acham grandes e começam a se ligar naquilo que se chama padrão de beleza. É por volta daí que se começa a incansável busca por perfeição. - Ela fingia não se importar, mas sempre quando chegava em casa, se pegava chorando e abafando o som com música alta. Aos 13 anos, começou a perceber que ser magra não era assim tão ruim e resolveu tirar algumas fotos e mandar para vários estúdios. Ela queria ser descoberta. Agora ela tinha um sonho. Ser modelo, uma top model. Ela não conseguiu resposta. Não até completar 15 anos e começar a participar de desfiles, fazer umas fotos e umas participações em comerciais. Mas com o passar do tempo, suas propostas eram mais sérias e convites para sua maior visibilidade começaram a surgir. E então, ela se deparou com um problema. Ela tinha amadurecido, e seu corpo começou a ter curvas, não tinha mais aquele corpo de criança, ou seja, seu peso havia aumentado. Ela buscava algo que lhe desse resultados imediatos. Dieta demora muito, remédios para emagrecer custam dinheiro. Então, ela resolveu não comer. Ela dizia que havia comido, só para não oferecerem comida. E se sua mãe obrigasse-a a comer, ela comia e vomitava depois. Aos poucos, ela foi emagrecendo, mas se sentia cada dia mais fraca. Ao se olhar no espelho, não conseguia ver nada mais do que uma gorda de bunda grande. E era este o estímulo para dar continuação à doença. Anita estava anêmica. As coisas só pioravam, chegou a ser internada algumas vezes, mas sempre quando ganhava alta, voltava ao que era antes. Não era mais por desejo de estar magra e sim por necessidade, aquilo havia se tornado um vício. Não comer fazia parte de sua rotina. E sem contar, que ela tinha medo de que ao voltar a comer, ela engordasse e perdesse tudo o que tinha conquistado. Anita é escrava da moda, da beleza e da perfeição imposta pela sociedade e pela mídia, ela tinha virado uma boneca nas mãos "deles". Ela sofre de anorexia e bulimia. Ela sofre daquilo que chamamos de insegurança. E lhe falta muito, mas muito, amor-próprio.
E lá está Anita. Desfilando em uma passarela para alguma grife. Desta vez em Paris. Sua aparência é de tanta determinação, de atitude e confiança. Mal sabem o que seus olhos escondem. Mal sabem o quanto ela sofre pela sociedade fútil e cruel na qual vivemos. Afinal, como poderiam saber? Ela vive de aparência. Tudo muito superficial. Ela ficou conhecida, como queria. Mas não reconhecida por quem ela é. Ela jogou fora as oportunidades de mostrar ao mundo o que ela realmente é, e o que ela tem a dizer. Porque nem ela mesma sabe o que ela é. -Bonito seu sorriso, Anita. Bem sexy.


Texto escrito com base em um dos temas do Bloínquês dessa semana: Padrão de Beleza.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ela não podia parar

Em um dia desses, ela não conseguia se lembrar exatamente quando, estava em algum lugar, pouco a importava onde. Procurava algo que nem ela mesma sabia se podia existir, nem ao menos ela sabia o que era. Mas tinha a total certeza de que algo estava procurando e só aquilo poderia tirá-la de onde ela se meteu. Sendo que ela não sabia onde estava, mas ela sabia que não era alí onde deveria estar. Estava perdida. Os caminhos tão tortos que a fizeram chegar até lá, eram de mão única. Não tinha mais volta. Ou ela encontrava um caminho que a levaria para um novo lugar, um caminho em que enriqueceria sua alma e a fizesse mais completa; ou ela daria um jeito de retornar pra onde estava inicialmente, porém, encontrando outro caminho, o que de fato seria perda de tempo; ou permaneceria alí. Ela sabia muito bem que a primeira opção seria a mais certa, mas ela sempre temeu mudanças e inovações. Não sabia de tamanho medo que sentia em tomar decisões, até aquele momento, quando teve que decidir seu próprio rumo. Era tudo tão desconhecido. Sentia como se vivesse uma vida na qual ela não conhecia nem metade. Sentia-se como se tivesse entrado nesse corpo por acaso e de uma hora pra outra. Aquela era a hora. Deveria se decidir. Já e agora. Permanecer parada, seria tão perda de tempo quanto voltar a suas origens. Sendo que parar consegue ser ainda pior do que qualquer retorno. O tempo estava passando, e então ela fechou os olhos e resolveu seguir seu caminho. Não voltou, não parou, apenas seguiu. Para algum lugar ela iria, poderia ser pior, mas algo mudaria e ela sairia de sua zona de conforto desconfortável. Não aguentava mais se sentir tão vazia e sozinha. Continuou caminhando. Olhava para trás e via uma enorme escuridão que lhe dizia: "Não olhe para trás, o que foi feito não tem como ser refeito. Você fez a sua escolha, agora arque com as consequências, não fuja."-  Sentia-se cansada, mas não podia parar, não poderia apenas ficar alí, onde não tinha nada. Deveria continuar, e assim fez. Por distração ou cansaço, sentiu seus pés afundando. Tinha caído em uma armadilha. Ela passou no único lugar onde tinha uma poça de areia movediça. Desesperou-se. Gritou pedindo ajuda. Mas lembrou-se que estava sozinha e que por alí ninguém a ouviria. Ela estava diante de um novo problema que só ela seria capaz de resolver. Ela lutou. Tentava se segurar onde podia. Não poderia ser sugada. Ela tinha que continuar. A vida dela estava em jogo. Não se renderia. Nunca. Começou a ofegar, não tinha mais forças. Ouviu, um pouco distante, barulhos. Passos. Não, ela não estava sozinha. Talvez ela nunca estivesse sozinha, mas estava preocupada demais para perceber que alguém a observava. Então, com a luz de uma laterna que "tal coisa" carregava, conseguiu enxergar sua silhueta. Era um homem. Que ao chegar mais perto, estendeu sua mão e disse: "Tome mais cuidado da próxima vez." - Ela olhou em seus olhos. Seu olhar era familiar. Apesar de que tinha certeza de nunca ter o visto antes. Ela sabia que devia muito àquele rapaz.
Ele a estendeu a mão e ajudou-lhe a enxergar melhor, pois a lanterna que estava em suas mãos, clareava todo o caminho e agora tinha certeza de que havia tomado o rumo certo.

Realidade

A realidade nunca foi muito atraente para mim. Até porque tudo o que é real, chega um dia que machuca. E sempre quando eu posso fugir da realidade, eu apenas me desligo do mundo que está diante de meus olhos e me transporto por um mundo totalmente inexplorado. E neste mundo, existe tudo o que eu sinto falta no mundo em que eu deveria estar vivendo. As pessoas se importam umas com as outras, há castelos por todos os lados, mas não existem reis ou rainhas. Todos são iguais, não existe preconceito, nem diferença. Não existem pobres ou ricos. Existem apenas pessoas. Os humanos mantem uma boa relação com o meio ambiente, e cuida da natureza como se fosse o maior de seus tesouros. As ruas são cheias de flores e o cheiro delas com o cheiro dos frutos das árvores, fazem com que até o cheiro da cidade seja doce e suave. Em todo canto tem um pouco de alegria. Tristeza é algo que nenhum de seus habitantes sabem o que é. Solidão muito menos. Todos os finais de semana, há teatros e musicais nas ruas. Todos são felizes. Todos são amigos. Todos são perfeitos. -Alice, minha filha, vem lavar a louça. - Gritou minha mãe (real) da cozinha.Mas sempre quando estou na felicidade dos meus pensamentos, bem longe da Terra, e mais perto de lugar nenhum, algo me faz abrir os olhos. Não consigo viver apenas lá, onde eu adoraria ficar. A realidade me faz perceber que não tem como estar em dois lugares ao mesmo tempo. Na verdade, só há um lugar onde eu devo estar neste momento, onde eu estou pisando. Por menos perfeito que este seja, e por mais doloroso e sofrido, ele é real. E às vezes, a realidade tem que se tornar atraente, pois só ela tem o poder de te fazer sentir. E chega uma hora, que todo aquele mundo de fantasia se torna cansativo. Pois nada é sempre certo e nem sempre bonito. Como as pessoas podem ser felizes, se elas nem ao menos existem? Como podemos confiar nelas, se elas nunca poderão lhe dizer algo diferente daquilo que você imagina? Como as flores podem ser lindas, se não sentimos o cheiro que só elas têm? Nada é realmente lindo, nada é realmente gracioso, porque nada realmente existe. E as coisas quando acontecem sem a gente esperar, sem a gente imaginar se torna muito mais bonito do que qualquer sonho, ou mundo único e exclusivo seu. A realidade é linda sim, é muito melhor do que qualquer sonho. Mas algo que nos falta, é não esperar dos outros. Se quer uma mudança, comece a mudar a si mesmo.-Já estou indo, mãe. - Gritei, fechando meu diário e colocando-o em cima da cômoda.

Prazer, Fernanda.

Já que o "Quem Sou Eu" é tão breve, vou me apresentar por um post que eu adoraria não ter que fazer. Eu tenho uma certa fobia de escrever apresentações em blog ou em qualquer outro site. Eu tenho uma grande dificuldade em dizer/escrever quem eu sou. Porque eu posso ser tanta coisa, mas ao mesmo tempo eu sou um nada. Eu fico me perguntando qual é mesmo a minha importância na Terra. É tudo tão grande e eu não sou nem 0,00000000000000000001 % dela. Isso é um pouco deprimente. Porque eu sou uma partícula no universo. Ok, chega disso.
Meu nome é Fernanda FCBN, não acho que seja importante mencionar os meus quatro sobrenomes. Tenho 15 anos (além de ser uma partícula, sou uma pirralha). Nasci e moro no Rio de Janeiro e eu amo esse lugar. Não me imagino em outro lugar do Brasil a não ser aqui. Eu velejo e não duvido que seja este um dos motivos de admirar tanto o lugar onde moro. Eu adoro ver e conhecer a Cidade Maravilhosa do mar. É uma outra visão. Eu sou apaixonada pelo oceano. Apesar de que pensar em suas profundezas me faz sentir um pouco de pavor. E morro de medo do meu barco virar e uma lancha ou qualquer outro barco movido a motor me "corte" ao meio. Gosto muito de cantar, apesar de não ter o dom. Sou apaixonada por qualquer tipo de arte e eu adoraria saber me expressar através da pintura, desenho ou música. Tenho muita vontade de aprender a tocar piano. E eu sempre quis cantar ópera. Adoro dança. Adoro ver como o corpo exprime emoções através de movimentos tão suaves como no Ballet. Gosto de correr, eu corro em qualquer lugar que tenha espaço o suficiente pra isso. Gosto de pular também e eu sempre sonhei em ser um canguru. Gosto muito de ir à praia, mas me deixa totalmente irritada quando eu sou obrigada, por algum motivo, a ficar somente na areia. Aquela coisa me pinica e tira o meu humor rapidamente. Eu preciso ir à praia pra ficar o tempo todo na água, levando caixotes e pulando nas ondas. Gosto muito de ler e sempre tive orgulho das minhas notas na disciplina de Língua Portuguesa. Mas eu odeio escrever textos dissertativos/argumentativos. Eu descobri que odeio explicar, sou do tipo que gosto apenas de informar. Porque explicar me faz perder muito tempo e paciência. Sou confusa. Mas isso já deu pra perceber bem. Gosto de Geografia, História, Química e pouco de Biologia. Já pensei em várias profissões, mas sempre acabo parando em Relações Internacionais ou Psicologia. Sempre. Faço técnico em Administração, mas não vou seguir isto de jeito algum. Escrevo muita coisa, não consigo escrever textos com máximo de linhas porque sempre extrapolo. Sou uma menina muito risonha e bastante tímida. E eu já cansei de escrever sobre mim e achei que esse post foi totalmente inútil e desgastante. Beijocas, Fernanda.