quarta-feira, 20 de março de 2013

Em uma dessas madrugadas chuvosas, eu fiquei perambulando pela casa, com as luzes apagadas e pensando na minha vida. E eu repetia mil vezes mentalmente "Não, Fernanda, tem algo errado. Tem algo muito errado nisso tudo". Mas eu buscava respostas, eu queria entender onde eu estava errando e o que de errado tinha em tudo o que eu estava fazendo, a ponto de eu perder o sentido em tudo o que eu faço. Tinha algo muito errado antes de eu me dar conta, mas deixei crescer e nem ao menos percebi que poderia ser destruidor. Começou com a identificação com personagens problemáticos de filmes e explodiu com a minha mãe reclamando e dizendo que eu estava me destruindo. Mas por quê? Por que todo mundo percebe o que tem de errado comigo e eu não? Parei pra pensar e me questionei durante a madrugada toda. Ao invés de respostas, só ganhei mais dores. Pensei, então, que eu estava enlouquecendo. Mas, não, não estava! Não permitiria que seria algo tão de repente. E aí eu me senti como se estivesse sendo trancada dentro de mim mesma, como se eu apertasse a minha própria garganta e abafasse meu próprio grito. Tentei chorar, já que sempre ouço dizer que chorar alivia. Mas como viver sendo alguém que não chora? Eu simplesmente não consigo chorar quando eu mais preciso liberar lágrimas. E eu me sentia como se alguém tivesse me amarrado uma âncora no meu pé e tivesse me jogado em meio ao alto mar. E eu fosse afundando, perdendo o ar e... morrendo aos poucos. Mas eu repetia loucamente em um ritmo cada vez mais frenético "Tem algo de errado nisso tudo. Muito errado!". Resolvi desabafar. Falei tudo de errado que eu estava sentindo, tentei me explicar os meus próprios motivos em voz alta e calando por motivos que me davam vergonha. Porém permaneci, continuei falando e prometi a mim mesma que eu não chegaria nesse nível novamente tão cedo. Eu sempre busquei paz. Eu sempre busquei ser feliz. Por que, então, dar ouvidos aos meus fantasmas? Deixe-os esquecidos. Fechei os olhos e procurei imagens de pessoas que me fazem bem, de momentos que me dão saudade e de coisas que pretendo viver. E falei pra mim mesma "E por tudo o que eu quero viver, eu me reencontrarei dentro de mim mesma. Porque essa não sou eu. Essa é alguém que eu não reconheço e nem ao menos quero conhecer. Alguém desprezível e extremamente dolorida. E eu não quero dores, não quero tristezas e nem tantas angústias". Fechei os olhos, apertei meu travesseiro e dormi. Depois de pôr tudo para fora, dormi tranquila. Estava leve, estava como uma folha dançando ao vento ou um balão subindo em direção ao céu. Eu me sentia crua e nua. Me senti uma folha em branco pronta para ser pintada novamente e de uma maneira diferente. 
Acordei, tomei um banho, me perfumei e coloquei um vestido vermelho tão leve que dava vontade de dançar pela rua. Arrumei meu quarto e dei a ele meu toque cor-de-rosa. Organizei meus livros em ordem de tamanho e coloquei meu pequeno rádio para tocar música clássica. Me senti rejuvenescida e livre das amarras que eu mesma criei para mim. 
Não que os fantasmas não tenham voltado. Eles voltaram. E talvez essa será uma luta mais complicada do que parece, mas eu já sei o que eu quero. E estou no caminho certo. Aos poucos, estou me desprendendo e buscando liberdade de alguma forma. Não quero envelhecer antes mesmo de construir uma vida saudável e botar tudo a perder. 
Descobri, então, que ter sonhos é fundamental. 
São os sonhos que te levam para frente quando tudo parece querer te parar. E meus sonhos são pequenos, mas são nobres. Quero um amor para dormir junto, casar de branco e ter três filhos lindos. E, claro, eu quero continuar com meus brilhos nos olhos que perdi por um momento e sorrir. Sorrir como se não houvesse amanhã. Sorrir para o mundo, sorrir porque estou viva e porque eu sou eu. Sorrir, apenas. 
E foi isso que me motivou a dar a volta por cima.
Que assim seja!

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