segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ela não podia parar

Em um dia desses, ela não conseguia se lembrar exatamente quando, estava em algum lugar, pouco a importava onde. Procurava algo que nem ela mesma sabia se podia existir, nem ao menos ela sabia o que era. Mas tinha a total certeza de que algo estava procurando e só aquilo poderia tirá-la de onde ela se meteu. Sendo que ela não sabia onde estava, mas ela sabia que não era alí onde deveria estar. Estava perdida. Os caminhos tão tortos que a fizeram chegar até lá, eram de mão única. Não tinha mais volta. Ou ela encontrava um caminho que a levaria para um novo lugar, um caminho em que enriqueceria sua alma e a fizesse mais completa; ou ela daria um jeito de retornar pra onde estava inicialmente, porém, encontrando outro caminho, o que de fato seria perda de tempo; ou permaneceria alí. Ela sabia muito bem que a primeira opção seria a mais certa, mas ela sempre temeu mudanças e inovações. Não sabia de tamanho medo que sentia em tomar decisões, até aquele momento, quando teve que decidir seu próprio rumo. Era tudo tão desconhecido. Sentia como se vivesse uma vida na qual ela não conhecia nem metade. Sentia-se como se tivesse entrado nesse corpo por acaso e de uma hora pra outra. Aquela era a hora. Deveria se decidir. Já e agora. Permanecer parada, seria tão perda de tempo quanto voltar a suas origens. Sendo que parar consegue ser ainda pior do que qualquer retorno. O tempo estava passando, e então ela fechou os olhos e resolveu seguir seu caminho. Não voltou, não parou, apenas seguiu. Para algum lugar ela iria, poderia ser pior, mas algo mudaria e ela sairia de sua zona de conforto desconfortável. Não aguentava mais se sentir tão vazia e sozinha. Continuou caminhando. Olhava para trás e via uma enorme escuridão que lhe dizia: "Não olhe para trás, o que foi feito não tem como ser refeito. Você fez a sua escolha, agora arque com as consequências, não fuja."-  Sentia-se cansada, mas não podia parar, não poderia apenas ficar alí, onde não tinha nada. Deveria continuar, e assim fez. Por distração ou cansaço, sentiu seus pés afundando. Tinha caído em uma armadilha. Ela passou no único lugar onde tinha uma poça de areia movediça. Desesperou-se. Gritou pedindo ajuda. Mas lembrou-se que estava sozinha e que por alí ninguém a ouviria. Ela estava diante de um novo problema que só ela seria capaz de resolver. Ela lutou. Tentava se segurar onde podia. Não poderia ser sugada. Ela tinha que continuar. A vida dela estava em jogo. Não se renderia. Nunca. Começou a ofegar, não tinha mais forças. Ouviu, um pouco distante, barulhos. Passos. Não, ela não estava sozinha. Talvez ela nunca estivesse sozinha, mas estava preocupada demais para perceber que alguém a observava. Então, com a luz de uma laterna que "tal coisa" carregava, conseguiu enxergar sua silhueta. Era um homem. Que ao chegar mais perto, estendeu sua mão e disse: "Tome mais cuidado da próxima vez." - Ela olhou em seus olhos. Seu olhar era familiar. Apesar de que tinha certeza de nunca ter o visto antes. Ela sabia que devia muito àquele rapaz.
Ele a estendeu a mão e ajudou-lhe a enxergar melhor, pois a lanterna que estava em suas mãos, clareava todo o caminho e agora tinha certeza de que havia tomado o rumo certo.

8 comentários:

  1. Adorei a metáfora. Estamos sozinhos na vida, as vezes é preciso fazer escolhas, e essas tais escolhas podem nos levar a caminhos tortuosos.

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  2. Eu amei está perfeito. Que mesmo quando se carrega o peso de escolhas, de conseqüências e de quando tudo está praticamente perdido, alguém estenda a mão, alguém que, de certa forma, pareça familiar, mas também distante, e inesperada, sempre de onde menos esperamos. E essa mesma pessoa está disposta, a carregar esse peso contigo, e não te deixar sozinha, suas decisões sempre serão só suas, mas quem vai de acompanhar no caminho que elas formam, vai também te ajudar e caminhar lado a lado seja o caminho que for.

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  3. Awn que gracinha *-* Obrigada mesmo!

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  4. Eu simplesmente AMEI esse texto, menina! Sério. Ficou incrível o jeito que você escreveu sobre as escolhas, mudanças e os tropeços da vida.
    Sempre precisamos continuar em frente, porque voltar atrás não adianta nada. Até porque, no meio do caminho podemos achar uma ajuda e essa ajuda mudar de uma vez por todas a nossa vida, para melhor.

    Demais!
    Beijinhos, se cuida s2

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  5. Ah que amorzinho *-* Muito obrigada, Monique!
    Volte sempre, viu..
    Beijocas s2

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  6. Fê, sério, perfeito!
    1- A sua metáfora está perfeitamente concisa;
    2- Você escreve de uma forma que nos dá vontade de ficar lendo e lendo sem parar (eu li os tres posts de uma vez);
    3- os seus textos são um tanto misteriosos, o que nos dá curiosidade.

    Estou com saudades, hein...
    Beijos meu amor,
    Gabi.

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  7. Awn Gabi, muito obrigada, linda!

    Também estou morrendo de saudades, queria te ver esse sábado, mas tá confuso D:
    Beijocas.

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