domingo, 21 de agosto de 2011

O mistério das cores - Parte I

Ela tinha o dom. Ela sabia como desfrutar de suas mãos para transformar um nada em arte. Tinha consigo um pincel, alguns potes de tintas coloridas e uma tela em branco. Sabia da importância de não desperdiçar o pouco que tinha. Artistas, como tudo na vida, precisam de prática, treino e paciência. Mas ela não queria algo grandioso, apenas exteriorizar aquilo que fica preso dentro dela mesma. Quando pouca era a inspiração, jorrava as tintas sobre a tela no compasso da música em que ouvia. E assim ela passava pelos dias, usando as cores como meio de contar sua vida. Não tinha a personalidade fácil, era introspectiva e desconfiada. Sua vida era uma bagunça. Nada, sem que seja sua arte, tinha acabamento. Amores não vividos, amizades sem convivência, saudade que ancorava-a no fundo do mar, não sabia exatamente o que fazer. Não queria permanecer na confusão de sua vida, não entendia sua própria mente e pouco eram os motivos de fazê-la sorrir. Ao mesmo tempo que não queria mudar. Tinha medo de mudanças, pois em todas as vezes que tentou modificar algo, acabou em desespero. Mas seu maior medo não era apenas, que as coisas pudessem piorar, mas que pudessem melhorar. Achava que tudo que é bom demais tem algo a esconder. Mal sabendo que ela está se escondendo de sua própria felicidade. Sua vida era uma eterna rotina. Acordar, ir ao trabalho, voltar pra casa e se trancar em seu quarto, em seu mundinho e pintar. Até que em um desses dias tediosos e iguais, algo de diferente aconteceu. Encontrou um pedaço de papel dobrado simetricamente em um de seus cantinhos de guardar tintas. Um recadinho. Quem poderia ter-lhe mandado? Não conhecia muitas pessoas, e não se envolvia muito com as que conhecia. Talvez tenha sido um engano, mas dentro de sua casa não é possível. E o recado dizia: "É preciso acabar com essa tristeza, é preciso inventar de novo o amor." - Após ler, sua mente quebrou-se em partes. O que já era bagunçado, acabou por se perder ainda mais. Eram peças soltas de um quebra-cabeça. Algo nela não estava como era. Palavras despertaram em seu interior o que a incomodava há tempos. Por muito tempo ela tentava curar o que doía, até esse tão simples recado mexer com tudo e fazer de tudo uma grande indigestão. Uma onda de lembranças a atacou...

2 comentários:

  1. "Ela tinha o dom. Ela sabia como desfrutar de suas mãos para transformar um nada em arte. Tinha consigo um pincel, alguns potes de tintas coloridas e uma tela em branco. Sabia da importância de não desperdiçar o pouco que tinha. Artistas, como tudo na vida, precisam de prática, treino e paciência. Mas ela não queria algo grandioso, apenas exteriorizar aquilo que fica preso dentro dela mesma. Quando pouca era a inspiração, jorrava as tintas sobre a tela no compasso da música em que ouvia. E assim ela passava pelos dias, usando as cores como meio de contar sua vida."

    Eu mal sei o que dizer sobre o primeiro trecho que li, as primeiras palavras, os primeiros sentimentos, tudo isto. Artistas, ora, a senhora Fernanda é uma, e uma que terá um livro publicado, e vendido de formas assombrosas. Algo lindo como este, merece um lugar na mente de qualquer artista. Pois é justamente o que você faz, transformar o nada, em arte. E em arte que deixa qualquer um sem palavras. No minimo 4 releituras. Se este é o inicio do seu livro, eu mal posso esperar por mais. Eu quero mais. Pois o que sinto com seus textos é inacreditável.
    Ah, eu quero a primeira edição publicada.

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  2. Hahahahaha exageradinho você hein... nada disso, cara. Eu só escrevo, não faço arte. Meus textos se parecem com tantos outros que existem por aí. Eu escrevo porque me sinto bem fazendo isso. E eu fico muito, muito feliz que você goste e confie em mim. E quem sabe eu escreva um livro algum dia né... haha. Te amo, Juju.

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